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Atualizado em 8 DE setembro DE 2011 ás 12:25

Paulo Câmera

Formado em Administração Pública pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pós-graduado na mesma área pela Fundação Getúlio Vargas, Paulo Câmera foi gerente-executivo da Companhia de Desenvolvimento e Ação regional (CAR), coordenador da Seplantec – Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia, diretor administrativo-financeiro da Limpeza Pública de Camaçari (Limpec) e secretário de Planejamento da Prefeitura de Itabuna. Em entrevista à repórter Carolina Mendonça, Câmera, que assumiu a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia (Secti) no início de fevereiro, fala sobre as diretrizes de sua administração e as ações às quais pretende dar prioridade

Por Carolina Mendonça
carolinacmendonca@gmail.com

Ciência e Cultura – O senhor tem experiência em planejamento e administração. Qual a sua aproximação com a área de CT&I?

Paulo Câmera – Tenho experiência com administração pública. A secretaria precisava de um gestor de decisões rápidas e fundamentadas nos princípios do desenvolvimento. E como nós sabemos, Desenvolvimento e Inovação são dois fenômenos interdependentes, que se influenciam e criam as condições para que se atinja a maturidade. Assumi o cargo com a missão de fortalecer e organizar o sistema de inovação da Bahia integrando o tripé governo, academia e empresas. Essa relação precisa ser fluida no estado.

Ciência e Cultura – Em sua opinião, a Bahia está atrasada na área de CT&I?

Paulo Câmera – Muito. Isso é um problema histórico. Além de perder o rumo do desenvolvimento nessa área durante décadas por decisões políticas equivocadas, a mentalidade do empresariado está atrasada. O empresariado baiano não tem a cultura da inovação. Pode observar, um bom médico que tem uma clínica, se ganha dinheiro, não investe em equipamentos mais modernos, ele compra gado. Aqui, a riqueza se traduz em terras, imóveis, não se investe em pesquisa.

"Minha preocupação é com a massa”

Ciência e Cultura – O senhor assumiu uma secretaria que, em quatro anos, teve três gestores. Que projetos ainda estavam em andamento e a quais o senhor pretende dar continuidade?

Paulo Câmera – A secretaria passou sim por vários gestores, mas nunca perdeu a sua linha de atuação que é de incentivar a capacidade de inovação das empresas baianas, além de apoiar a pesquisa no estado. Sem dúvida, o Parque Tecnológico da Bahia, que está com a inauguração prevista para novembro deste ano é o principal projeto da Secti e que dará novos contornos a nossa economia. Nós baianos vamos poder sentir de perto os impactos positivos que o parque irá possibilitar como a diversificação da economia, criação de empregos qualificados, aumento da capacidade de inovação regional, melhoria da competitividade das empresas locais e criação de imagem positiva para Salvador como centro de negócios de alto valor agregado. Vamos estruturar um projeto especial para o semiárido, na busca de tecnologias adequadas às características desta região. Pretendemos consolidar Programa Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica (Inovatec). A nossa meta é aumentar em 80% o apoio a projetos de Pesquisa nos próximos quatro anos. E principalmente vamos trabalhar no sentido de Fortalecer o Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação com articulação entre o Governo, os Centros de Excelência em P&D, as Universidades, o Setor Produtivo e o Terceiro Setor, através da elaboração e implementação de uma Política de CT&I, alinhada aos requerimentos de inovações tecnológicas para a competitividade sustentável do Estado.  A nossa meta é ampliar em 60% os investimentos em CT&I da Secti e Fapesb. Em paralelo vamos focar na qualificação dos profissionais.

Ciência e Cultura – Como será a estruturado este foco na qualificação?

Paulo Câmera - Neste sentido, estou me reunindo com os reitores das universidades públicas e privadas do estado para incentivá-los a abrir novos cursos de mestrado e doutorado profissionais. Para se ter uma idéia, o Brasil tem 114 mil doutores e a Bahia tem cinco mil. No entanto, estes acadêmicos, em sua maioria, estão ligados às áreas de humanas. Precisamos incentivar os profissionais baianos na busca pela qualificação, todos nós seremos beneficiados. Minha preocupação é com a massa. A ciência precisa dar resultados práticos na vida das pessoas, tem que se converter em emprego e desenvolvimento. Aqui faltam especialistas, faltam empregos, queremos que ver as coisas acontecerem.

Ciência e Cultura – De que forma o estado pretende incentivar este setor?

Paulo Câmera – Uma das formas será por meio de bolsas de estudo para pesquisadores, principalmente nas áreas de engenharias e nas áreas de TI, Biotecnologia e Energia, que são prioritárias do parque. Estamos estudando formas de atrair cérebro, ou seja, pesquisadores principalmente os seniores para o nosso estado. Acho importante que estes profissionais experientes estejam à frente de um grupo mais jovem, com energia para pesquisar e desenvolver novas tecnologias.

Ciência e Cultura – Neste âmbito, como a Secti avalia a criação da Academia de Ciências da Bahia (ACB)?

Paulo Câmera – Sem dúvida um enorme ganho para a Bahia. A ACB foi idealizada para contribuir com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia como fator essencial ao bem estar social do Estado da Bahia, ou seja, tenho aliados à Secti. Juntos iremos estimular as fronteiras do conhecimento e do debate.

Ciência e Cultura – E no nível escolar, a Secti vai fazer investimentos?

Paulo Câmera Sim, pretendemos estimular a educação científica no estado.  Vamos manter os Centros Vocacionais (antigos infocentros), pretendemos reativar o projeto dos Tabuleiros Digitais, idealizado pelo educador Nelson Pretto. E ainda está em fase de planejamento, mas estamos pensando em uma escola para alunos a partir de 14 anos de idade dentro do Parque Tecnológico. Nosso projeto é que 400 alunos do Bairro da Paz, Itapuã, Mussurunga e Vila Verde tenham educação em ciências no contra-turno escolar.  Acho importante o conhecimento nas áreas de humanas, mas precisamos começar a produzir saberes que se apliquem à indústria, à agricultura.

Ciência e Cultura – No início do ano, a presidente Dilma Rousseff anunciou um corte bilionário no orçamento federal, que acabou afetando os planejamentos estaduais. De que forma a Secti foi afetada pela redução dos recursos na Bahia?

Paulo Câmera - Obviamente, todas as secretarias do estado tiveram que fazer uma reestruturação e a Secti também, mas é algo que já estava previsto mesmo antes do corte. Não fomos muito afetados, nosso orçamento para este ano é R$ 112.962.451 já com a Fapesb.  A redistribuição dos recursos nos fez reduzir alguns cargos.  Agora, o Parque Tecnológico é uma das prioridades do governo Wagner e, para este projeto, não vai faltar recursos. Par se ter uma idéia, o parque é um projeto que terá o impacto na economia baiana muito comparado à chegada do Pólo Petroquímico.

Ciência e Cultura – Como estão as obras do Parque Tecnológico?

Paulo Câmera – O Parque está com 85% das obras físicas concluídas, pretendemos inaugurá-lo em novembro deste ano. Porém ainda temos muito trabalho pela frente. Hoje o pacote de atrações para investidores está delineado, tanto a parte de incentivos fiscais como os benefícios diretos. Já está na assembléia legislativa para votação, o projeto de lei que autorizará o Governo do Estado a conceder o uso de lotes públicos para empresas e ou instituições de base tecnológica interessadas em se instalar no parque. Este instrumento que esperamos que seja aprovado nos próximos 45 dias viabilizará por exemplo, a implantação do Centro de Tecnologia em Energia e Campos Maduros, uma parceria Petrobras e Universidade Federal da Bahia e do Instituto Brasileiro de Toxinologia do Semiárido em parceria com a Universidade Federal de Feira de Santana. Proposta não falta, estamos estudando a implantação do Laboratório de Certificação de Equipamentos Médicos. Este é um projeto do Ifba que tem recursos já aprovados pela Finep na ordem de 1 milhão de reais. Serão dois laboratórios para realizar os ensaios previstos nas normas brasileiras que tratam dos dispositivos de proteção contra raios-X para fins de diagnóstico médico e das normas internacionais, geral e específica, que define os requerimentos de segurança para luminárias cirúrgicas e de diagnósticos. Outra novidade importante é a criação de uma incubadora, inicialmente voltada para área de saúde que já conta com aproximadamente 6 empresas interessadas. Não podemos pensar apenas em atrair grandes empresas para o nosso parque, temos que estimular a geração de novas empresas. Para finalizar a entrevista, não poderia deixar de falar do modelo de gestão do Parque Tecnológico da Bahia, que deve ser exercida de modo a assegurar independência e sustentabilidade do projeto face à Administração Pública, ao mesmo tempo em que garante à mesma a capacidade de propor parâmetros para o desenvolvimento do parque. Estudamos diversos modelos, mas escolhemos aquele que fosse atrativo para os investidores e que permitirá a integração de entes públicos e privados, teremos a participação das empresas em maior número, das universidades e do governo. Priorizamos um modelo enxuto e dinâmico que dotasse o agente executor de maior autonomia administrativa e financeira.

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Um comentário a Paulo Câmera

  1. Vilmar Silva Leite disse:

    O Governador achou a pessoa certa para está área,o Dep. Paulo Câmara está sendo iluminado por Deus fará uma ótima administração. Amigo Vilmar

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