Newsletter
Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
RSS Facebook Twitter Flickr
Atualizado em 7 DE setembro DE 2011 ás 13:14

Workshop Internacional sobre Bioenergia e Meio Ambiente é realizado em Salvador

Contexto mundial sobre a produção de energia renovável e suas vantagens ambientais, estratégicas, econômicas e sociais foram abordados em evento

Da FTC, por Mário Preto
mneto@ftc.br

Um público formado por estudantes, professores, gestores, pesquisadores e profissionais do setor energético estiveram presentes durante o V Workshop Internacional sobre Bioenergia e Meio Ambiente, promovido pela Rede FTC no dia 26 de agosto, no Catussaba Resort Hotel, em Salvador.

O evento, realizado com o apoio da Capes e da Fapesb, contou ainda com a participação do presidente da Instituição, William Oliveira; a diretora geral da FTC Salvador, professora Dra. Rosemary Ramos; a gerente de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação, professora Dra. Astria D. Ferrão-Gonzales, além do professor Dr. Luiz Cesar Paulillo, organizador científico e apresentador do evento.

O presidente da Rede FTC abriu o evento desejando boas vindas aos participantes e abordando o contexto nacional e mundial sobre a produção de energia renovável e suas respectivas vantagens ambientais, estratégicas, econômicas e sociais.

Para a professora Astria os investimentos com a produção de energia renovável no mundo ainda são baixos diante da atual situação. “É preciso enfatizar a importância da Bioenergia e das diferentes matérias-primas utilizadas, além de estimular a ampliação de campos de estudo, avaliação e planejamento das fontes, para que estas sejam usadas da forma mais adequada”. A professora ainda destacou os projetos do mestrado profissional em Bioenergia da FTC parabenizando pelo nível das pesquisas realizadas.

O Dr. Tercilio Calsa Jr. (UFPE) foi o responsável pela primeira palestra do evento falando sobre “Integração das ômicas para o melhoramento de cana-de-açúcar”. O palestrante destacou o papel da cana-de-açúcar como principal fonte de energia e o seu cultivo na região nordeste, apresentando dados sobre experiência em campos em situação de seca e alta salinidade – fatores comuns em áreas potenciais de plantio – o que impede a cultura nessas regiões.

O Dr. Tercílio também destacou a participação de sua equipe da UFPE na Rede de Pesquisa GenProt, que envolve pesquisadores de várias partes do País. Na UFPE é realizada a análise proteômica da cana-de-açúcar sob condições de estresse hídrico e salino para avaliação das proteínas expressas nessas condições, para que junto às análises genômicas (do DNA), transcriptômicas (do RNA) a Rede GenProt possa determinar quais as proteínas deverão ser modificadas por melhoramento genético de forma a viabilizar o plantio de cana-de-açúcar em regiões inóspitas, tais como o semi-árido.

A segunda palestra da manhã ficou por conta do Dr. Aristóteles Góes Neto da Uefs tratando sobre “DNA barcoding – Código de barras de DNA. Prospecção de enzimas de interesse industrial”. O Dr. Aristóteles apresentou a produção de etanol de materiais lignocelulósicos, conhecido como etanol de segunda geração, obtido a partir de resíduos agro-industriais e florestais. Além disso, abordou os desafios técnicos e econômicos relacionados à deslignificação, dando destaque à sua pesquisa desenvolvida no semi-árido com a prospecção de fungos basidiomicetos produtores de enzimas lignocelulíticas.

A Dra. Cynthia Damasceno (Embrapa – CNPMS) foi a responsável pela palestra “Sorgo: uma alternativa para produção de etanol de primeira e segunda gerações”. A palestrante abordou o histórico da crise energética, apresentando as potencialidades do sorgo sacarino produzido por melhoramento genético na Embrapa na produção de etanol no Brasil. Ela estabeleceu uma comparação entre sorgo e cana-de-açúcar apontando os novos rumos de sua pesquisa na qual busca alcançar uma variedade de sorgo sacarino. Dra Cynthia também falou sobre problemas na produção de etanol de segunda geração, os desafios futuros e as novas técnicas para produção em larga escala de etanol de segunda geração.

Finalizando as palestras da manhã o Dr. Rogério Vescia Lourega (PUC/RS) falou sobre “Hidrogás – Avanços tecnológicos”. O Dr. Rogério tratou sobre Hidratos de gás como problema e não como fonte de energia. Para tanto, apresentou histórico e origem da formação dos hidratos; origem da formação do metano; composição dos gases; potencial energético dos hidratos e principais reservas mundiais (distribuição dos hidratos). O palestrante ainda abordou as principais ocorrências de hidratos de gás no Brasil, identificação do hidrato no oceano e informações sobre como realizar a extração do mesmo.

Inviabilidade da mamona – Iniciando as palestras do turno da tarde o Dr. Fernando Safatle discursou sobre “Um novo modelo: a democratização da Bioenergia”. O Dr. Fernando apresentou dados do Ministério de Minas e Energia sobre a produção brasileira de etanol; o conflito entre a produção de álcool e a cadeia produtiva de alimentos e a implantação de micro-destilarias no País.

De acordo com Fernando Safatle é preciso haver uma reformulação no modo de produção de biodiesel no País, possibilitando aos donos de postos de combustíveis adquirirem o etanol diretamente do produtor sem intermédio das distribuidoras. “A quebra do passeio do etanol – sem mediação da distribuidora – irá provocar o estímulo para milhares de pequenos e médios produtores de cana-de-açúcar, além de fortalecer o mercado regional, a economia nacional, reduzindo custos e quebrando a estrutura oligopólica do etanol no País”, disse.

Dando seguimento ao evento, o Dr. Juliano da Silva Lopes (Ifba-Jequié, Brasil) falou sobre “Culturas Energéticas para a produção de Biocombustíveis”. O palestrante citou a importância do Programa Nacional de Produção de Bioenergia e a inserção da agricultura familiar neste Programa, apresentando um estudo de caso realizado no município de Jequié (Ba) em que foram avaliadas as culturas locais e sua evolução anual de produção, ressaltando também a situação atual do mercado de oleaginosas e biodiesel no Brasil e no mundo.

Em seu estudo, Dr. Juliano mostrou o crescimento do cultivo da mamona, assim como de seu preço de mercado. “Apesar de não ser viável o seu uso para produção de biodiesel, o que já foi fortemente comprovado por meio de diversos trabalhos, os produtores de biodiesel ainda compram mamona como forma de manter seu “Selo Combustível Social”, que é concedido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) quando uma indústria adquire matéria-prima de produtores de agricultura familiar”, explicou.

Na penúltima palestra do evento o Dr. Flávio Althertum tratou sobre “Produção de etanol de segunda geração a partir de resíduos agrícolas”. O Dr. Flávio discursou sobre cuidados indispensáveis em processos biotecnológicos envolvendo microrganismos geneticamente modificados; aproveitamento de resíduos. O palestrante apresentou o histórico de sua patente – de número 5.000.000, obtida em 1989 na Florida University – descrevendo o processo de obtenção de uma bactéria modificada geneticamente, capaz de hidrolisar resíduos lignocelulósicos e fermentar os açúcares (monossacarídeos) resultantes para produção de etanol. De acordo com Dr. Flávio a pesquisa até hoje é utilizada em diversos estudos, porém ainda não é utilizada nas indústrias de biocombustíveis por não ser viável economicamente.

Na última palestra do evento o Dr. Vitor Hugo Moreau, professor do Mestrado em Bioenergia da FTC e do Mestrado em Biotecnologia da UFBA apresentou seu trabalho de pesquisa desenvolvido na FTC Salvador, pelo seu grupo de pesquisa, o Núcleo de Biotecnologia, em que estuda o desenvolvimento e a utilização de biocatálise por enzimas do tipo lipases para produção de biodiesel, e as formas de tornar esse processo viável para aplicação industrial. O palestrante apontou que o alto custo das enzimas tem inviabilizado a industrialização do processo e mostrou alternativas que podem resolver esse problema, apresentando duas patentes e dois artigos publicados em periódicos internacionais onde foram expostos tais dados.

Para Bruno Carvalho, estudante do 10° semestre de Engenharia de Produção da FTC Salvador, o evento foi positivo. “Achei muito bom, pois proporcionou bastante conhecimento sobre novas alternativas na área energética, mudanças e demais inovações”, disse Bruno, que pediu liberação do estágio para prestigiar a quinta edição do Workshop Internacional sobre Bionergia e Meio Ambiente.

Notícias relacionadas

______________________

Mamona perde título de oleaginosa oficial na produção brasileira de biodiesel

Biodiesel: microalgas e a importância da diversificação das matérias primas na Bahia

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *