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Atualizado em 28 DE janeiro DE 2014 ás 16:17

Ufba forma primeiros biotecnologistas da Bahia

Apesar das dificuldades inerentes a um curso novo, Thamires Soares e Thiago Sousa conseguiram concluir os estudos no tempo previsto e são os primeiros baianos graduados na área

Emile Conceição *
ej_jornalista@hotmail.com

Thamires Soares e Thiago Sousa (Foto: Emile Conceição)

Thamires Soares e Thiago Sousa (Foto: Emile Conceição)

Em 2009 quando ingressaram no curso de Biotecnologia da Ufba, primeiro da Bahia e um dos primeiros do nordeste, Thamires SoaresThiago Sousa tinham muitas dúvidas acerca da carreira. Parte desse receio era devido à novidade da área no estado e à pressão de suas famílias para que cursassem áreas profissionais mais tradicionais.

Desde que saiu do ensino médio, o objetivo de Thamires, natural de Valença (Ba), era cursar Enfermagem, mas em 2008 quando a Ufba abriu inscrições para o vestibular e, neste com um curso novo, Biotecnologia, o interesse mudou. A estudante fez provas para três cursos de três universidades baianas: Enfermagem na Universidade Estadual do Sul da Bahia (UESB), Biomedicina na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Biotecnologia (UFBA).

A jovem foi aprovada para todas as escolas, mas na hora da escolha optou pelo curso da universidade federal. “Conversei com professores e todos falaram que Biotecnologia, apesar de ser uma área nova no estado, é um campo amplo onde eu poderia ter uma carreira promissora”, explica.

Para Thiago, natural de São Miguel das Matas, Recôncavo Sul da Bahia, não houve dúvida sobre qual profissão queria seguir, ele sempre soube que trabalharia com ciência. “Desde criança eu queria ser cientista e, quando chegou a época do vestibular fiz pesquisas na internet sobre o curso e conclui que a área poderia trazer bons frutos para a minha vida profissional”, diz.

Apesar da vastidão de opções de especialização existentes no campo, os novos biotecnologistas já têm em mente o que querem fazer no futuro. Thamires se diz apaixonada por Bioenergia e Thiago pretende seguir no ramo da Bioinformática. Porém, os gostos sobre locais onde ambos gostariam de exercer a profissão são um pouco diferentes.

“Pretendo fazer mestrado e doutorado, pela questão de aprendizado, mas não quero seguir a carreira acadêmica. Prefiro na área do desenvolvimento e criação. Indústria é o que mais gosto, porém, talvez até abra um negócio ou faça um concurso público”, explica Thamires.

“Eu gosto da carreira acadêmica, mas se surgir a oportunidade de aplicar esse conhecimento de forma prática em alguma empresa, não há nenhum problema”, completa Thiago.

Por que somente dois formados?

Em 2008, quando foram abertas as inscrições para o primeiro vestibular da Ufba que incluía o curso de Biotecnologia, haviam 30 vagas disponíveis. Entretanto, somente 28 alunos ingressaram na turma de 2009.1, pois as outras duas vagas não foram preenchidas.

Desses 28, como já foi dito, somente dois se formaram, Thamires Soares e Thiago Sousa. Dos demais, 10 abandonaram o curso no decorrer do tempo, e 16 atrasaram a formatura a fim de fazer intercâmbio através do Programa Ciência sem Fronteiras ou para estagiar.

Thiago e Thamires durante trabalho em laboratório (Foto: Emile Conceição)

Thiago e Thamires durante trabalho em laboratório (Foto: Emile Conceição)

Eduardo Silva e Juliana Souza são dois desses 16 estudantes que optaram por adiar a formatura. Eduardo retornou muito satisfeito ao Brasil, em agosto de 2013, após passar um ano em Portugal estudando. “Esse adiamento da formatura foi mínimo diante da oportunidade do intercâmbio. A experiência, além de ser de grande aprendizado para a vida, enriqueceu meu currículo. Eu aprendi muito no ambiente universitário estrangeiro”, reforça.

De acordo com Juliana, que está na Hungria, estudando na Budapest University of Technology and Economics, como bolsista do programa promovido pelo governo federal. “O intercâmbio proporciona um aprendizado incrível tanto profissional quanto pessoalmente. Este era meu pensamento quando resolvi me inscrever para o programa Ciência sem Fronteiras, o que vem se confirmando a cada dia nesta minha etapa em Budapest”, explica.

Thamires de Jesus atribui o desanimo como um dos fortes motivos para a desistência de alguns universitários. “No segundo semestre nos apresentaram uma planta de como seria o prédio do curso de Biotecnologia. Todos ficaram com os olhos brilhando. E no final a realidade não foi essa, o que causou certo desânimo. E eu acho que alguns alunos desistiram por esse motivo, como várias vezes eu também pensei em fazer”, relembra.

Além da ausência de um prédio próprio para aulas, segundo Juliana, a falta de professores, material didático, material para aulas práticas, e apoio ou parcerias com empresas e indústrias também contribuiu para o desestímulo dos estudantes. “Mas isso não significa que os profissionais deste curso são desqualificados, os alunos sempre se esforçaram para suprir estas carências. Um exemplo disto é a participação em programas de iniciação científica”, explica.

Para que os futuros biotecnologistas não tivessem deficiências no aprendizado, a ex-coordenadora do curso, Samira Abdallah, fez parcerias com professores do Bacharelado Interdisciplinar (BI) da Ufba, além de terem sido contratados professores substitutos. “Esse esforço feito pela nossa coordenadora foi imprescindível para que conseguíssemos nos formar no tempo certo”, acrescenta Thamires.

“O curso ainda está em processo de consolidação. Em 2014 o quadro de professores efetivos se completará, pois será realizado um concurso para selecioná-los”, informa Samira Abdallah.

“Nós vimos muita teoria com pouca parte prática. Mas, isso está sendo desenvolvido agora que estamos saindo. Já tem laboratório, materiais para fazer os experimentos. Eu acredito que daqui há uns três anos o curso estará muito melhor”, finaliza Thiago Souza.

Biotecnologia na Bahia

O estado conta com dois cursos de Biotecnologia, ambos da Ufba, um que funciona no Instituto de Ciência da Saúde (ICS), em Salvador, e um no Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS), em Vitória da Conquista.

Além da graduação, o campo de atuação possui um mestrado em Biotecnologia, criado em 2010 também pela Ufba, e um doutorado da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), os dois têm suas atividades acontecendo no ICS/Ufba.

Além da parte de formação acadêmica, a fim de impulsionar o crescimento do estado na área de tecnologia, foi inaugurada, em 2012, a primeira etapa do Parque Tecnológico da Bahia, o prédio chamado Tecnocentro. O empreendimento abriga empresas, como a IBM, a Ericsson Inovação e a Portugal Telecom, instalações da Ufba e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Na segunda etapa, com previsão de conclusão para dezembro de 2014, serão construídos uma escola de iniciação científica, um museu e laboratórios.

* Graduanda do curso de Jornalismo da Universidade Federal  da Bahia e estagiária da Agência de Notícias Ciência e Cultura da Ufba

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