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Atualizado em 24 DE outubro DE 2013 ás 23:40

Pesquisadores da Ufba expõem trabalhos em seminários estudantis 2013

Seminários estudantis da UFBA permitem a publicização das pesquisas desenvolvidas por estudantes de Graduação e Pós-Graduação da universidade nas áreas de conhecimento em todo estado

POR NÁDIA CONCEIÇÃO*

Entre os dias 21 e 23 de outubro a Universidade Federal da Bahia (UFBA) realizou o XXXII Seminário Estudantil de pesquisa e o XIV Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação. O evento este ano acontece de forma integrada com a Semana de Arte, Cultura, Ciência e Tecnologia (ACTA), realizada até 25 de outubro nos campus da UFBA em todos estado. Os seminários são incentivados pelas respectivas Pró-Reitorias e têm ação espontânea e voluntária por parte dos pesquisadores da UFBA.

O objetivo do congresso é divulgar os resultados das pesquisas dos estudantes para a comunidade acadêmica, publicizando o que tem sido realizado em pesquisas, dando um retorno dos estudos para a sociedade acadêmica e demais interessados. De acordo com os organizadores, os seminários são muito produtivos e o balanço é positivo. No ano passado (2012), o XVIII Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e o XXXI Seminário Estudantil de pesquisa tiveram a participação de 1.226 estudantes, sendo que 1.025 de Iniciação Científica e Tecnológica e 201 Pós-Graduandos, apresentando 1.226 trabalhos.

Uma das equipes de reportagem do Programa Arte, Ciência e Cultura acompanhou dois seminários realizados no dia 22 de outubro, no PAF3, no Campus de Ondina, Salvador. Uma das pesquisas foi a “Protagonismo feminino no fenômeno das Drogas: Caracterização sociodemográfica e de Saúde de mulheres atendidas num CAPSad de Salvador-BA”, realizada pela estudante Caliane de Oliveira Sampaio, orientada pela pesquisadora Jeane Freitas de Oliveira.

Segundo Caliane Sampaio, a pesquisa mostrou que a maioria das mulheres atendidas pelo CAPSad, tanto as usuárias de drogas quantos as que têm familiares usuários de drogas, são pobres, recebem de 0 a 1 salário mínimo, têm entre 13 a 80 anos e com baixa escolaridade, com predominância de trabalhadoras do mercado informal, como vendedoras ambulantes, catadoras de latinhas, entre outros.

“Tivemos incidências também de envolvimento de outras classes sociais, mas a maioria do percentual foi de mulheres pobres, com grande destaque para as que ganham até um salário mínimo. Outro dado importante que descobrimos foi que, apesar de grande números de pessoas a procurar atendimento do Centro de Atenção Psicossoial Alcool e Drogas na Bahia (CAPSad) ser de mulheres, a maioria dos atendidos por uso de drogas são homens, o que se constitui uma importante questão de gênero na pesquisa, onde as mulheres são mais afetadas pelos problemas familiares e recorrem mais a ajuda dos centros especializados”, afirma Caliane.

O estudo também demonstrou que existe um percentual considerável do número de mulheres que vivem em situação de rua (20,4%), que pode ser atribuído ao fato de o CAPS estar situado no Centro Histórico de Salvador.

A motivação da pesquisa, segundo Caliane foi a participação no Centro de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher, Gênero, Saúde e Enfermagem (GEM) e que recentemente inseriu a temática das drogas e é coordenado pelas pesquisadoras Silvia Lúcia Ferreira e Edméia de Almeira Cardoso Coelho.

A outra pesquisa acompanha foi a “PG – Jovens vivendo com HIV/AIDS: uma discussão sobre bioidentidades e as novas redes sociais”, realizada pelo estudante Felipe Matheus Duarte Simões, orientado pelo pesquisador Luiz Augusto Vasconcelos da Silva.

O objetivo da pesquisa foi identificar e compreender as formas de sociabilidade e as práticas com portadores do HIV/AIDS de uso das plataformas online, bem como conhecer a história de vida dos mesmos. Segundo Matheus, em 2012, 4.484 jovens foram notificados como portadores de HIV, o que corresponde a um total de 127, 5%, causando um fenômeno que ele denomina de “jovenização da AIDS no Brasil”.

Na pesquisa, foram estudados jovens que usavam a rede social Facebook, mais precisamente grupos de portadores do vírus e o bate-papo Uol. Foi considerado ainda a biossociabilidade dos entrevistados, termo classificado por alguns pesquisadores como que entende o corpo como centro do entendimento e compreensão do eu.

A partir do estudo, o estudante percebeu por partes do jovens uma necessidade de ter experiências compartilhadas com outro soropositivos, ou seja, existe nesse comportamento uma mudança na forma de perceber a doença. “Eu percebi com esse estudo que a necessidade de compartilhar com os outros a sua portabilidade é promovida pela mudança de percepção do que seja o HIV/AIDS e isso proporciona que esses jovens vivam e convivam e se relacionem bem com os outros”, afirma Matheus.

Dessa forma, a um maior sentimento de pertença, provocado pela identificação sorológica dos jovens e isso proporciona uma maior perspectiva de vida e a ação realização de um planejamento de vida. A conclusão da pesquisa demonstrou que as redes sociais atuam fortemente na forma de se relacionar dos jovens portadores de HIV/AIDS, de maneira que as relações criadas a partir delas, se constituam em apoios, vínculos, que podem ser respaldadas pelo anonimato e pelo compartilhamento de experiências afins.

*Nádia Conceição é jornalista e bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura.

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