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Atualizado em 17 DE fevereiro DE 2012 ás 21:29

Pesquisador da UFG ministrará mini curso sobre relações entre ácaros e plantas

Serão abordadas características gerais dos ácaros plantícolas e as principais relações existentes entre ácaros e plantas

POR JÚLIA LINS
jsallins@gmail.com

As interações entre ácaros e plantas serão abordadas em um mini curso durante a realização do XXIX Congresso Brasileiro de Zoologia, a ser realizado em Salvador, nos dias 5 a 9 de março de 2012. O ministrante será o pesquisador e professor de Zoologia e Agroecologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rodrigo Daud.

O curso, que possui caráter teórico, tem como público alvo os alunos de graduação em Biologia, entretanto, alguns profissionais da área agrícola interessados no assunto, também poderão participar. Para o evento, ainda estão previstos 30 mini cursos e 32 simpósios com temas relacionados à biodiversidade e memória.

Rodrigo Daud realiza pesquisa em dois principais temas: O primeiro, Diversidade e História Natural de Ácaros tem como objetivo estudar os padrões determinantes que explicam a diversificação e ocorrência de ácaros, como a sazonalidade e complexidade do ambiente. Já o segundo, Interações entre Ácaros e Plantas, visa desenvolver trabalhos para verificar as principais estratégias de defesas de plantas contra a herbivoria (relação em que animais se alimentam de tecidos vegetais vivos), identificação dos traços morfológicos das plantas que mediam mutualismo com ácaros predadores e micófagos (animais que se alimentam de fungos) e suas implicações no manejo de pragas.

No mini curso, serão abordadas características gerais dos ácaros plantícolas e as principais relações existentes entre ácaros e plantas. De acordo com o pesquisador, ainda serão feitas considerações de como é possível utilizar o conhecimento dessas interações no manejo e controle de pragas agrícolas. “Acredito que podemos fornecer informações básicas, principalmente em relação à história natural das espécies de herbívoros e de predadores, que poderão servir como subsídios para futuras táticas de manejo e controle de pragas”, conta o pesquisador.

Trabalho de campo – Rodrigo Daud diz que as interações entre ácaros e plantas são monitoradas através de trabalhos de campo experimentais. “Existem diferentes metodologias para se atingir isso. A forma mais básica de estudo é realizar coletas periódicas em ecossistemas naturais e agrícolas em diferentes plantas, a fim de verificar quais as principais espécies de ácaros e que época do ano ocorre o pico de infestação dos herbívoros. O biólogo ensina que como os ácaros são animais diminutos, difíceis de serem visualizados a olho nu, normalmente, a folha da planta é coletada e a triagem é feita em laboratório, sob microscópio estereoscópico. “No caso de plantas, nós coletamos as folhas e levamos as amostras ao laboratório para a triagem”, explica Daud.

Ácaros são coletados em folhas de plantas e analisados em laboratório

A relação entre ácaros e plantas pode ser de praga ou de beneficio mútuo. Algumas espécies de ácaros herbívoros são consideradas pragas agrícolas, pois dependendo da densidade populacional, esses ácaros podem acarretar prejuízo às plantas por se alimentarem dos fluidos intracelulares das folhas, o órgão fotossintético das plantas, reduzindo a produção de energia delas.

Além disso, algumas dessas espécies podem transmitir à planta vírus ou bactérias, da mesma forma como, por exemplo, o mosquito da dengue faz com os humanos. No entanto, a grande maioria das espécies herbívoras não é considerada praga, principalmente em ecossistemas naturais que são mais equilibrados. Na verdade, esses herbívoros são beneficiados pelo sistema de monocultura, criado pelo homem.

Com relação ao mutualismo, “esse tipo de relação entre essas espécies é usualmente mediada por alguns traços morfológicos das plantas hospedeiras, tais como domácias foliares, tricomas, nectários extra florais, entre outras, que beneficiam a sobrevivência de algumas espécies de ácaros predadores. Consequentemente, essa planta abrigará uma maior densidade populacional desses ácaros”, conta, o pesquisador.

Mutualismo é a interação ecológica entre duas espécies distintas, na qual a associação entre essas fornece benefícios mútuos. Os ácaros predadores consomem ácaros herbívoros e acabam reduzindo a populações desses. A alta densidade populacional de ácaros herbívoros pode ser prejudicial às plantas, ou seja, os ácaros predadores são beneficiados por algumas estruturas das folhas e as plantas são beneficiadas com a presença dos predadores por esses funcionarem como seu “guarda costas”.

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