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Atualizado em 13 DE setembro DE 2018 ás 18:08

Pelo conhecimento livre e público

O professor da Faculdade de Educação, Nelson Pretto, apresentou seu novo livro “Educações, culturas e hackers: escritos e reflexões” em debate sobre a ameaça de privatização das universidades, e reafirmou a necessidade de uma luta coletiva pela educação aberta a todos

POR L. COSTA*
costa.larissa164@gmail.com

Por que reunir na Biblioteca Central da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Ondina, professores, servidores técnicos, pesquisadores, alunos e artistas na tarde de uma véspera de feriado? O objetivo foi lançar o projeto Café Digital, um fórum de debates para discutir cidadania, ciência e tecnologia, que será realizado durante todo semestre, com a organização do  Grupo de Pesquisa e Extensão em Informática, Educação e Sociedade – Onda Digital, sediado na UFBA.

Na análise do professor da Faculdade de Educação (FACED / UFBA), Nelson Pretto. “[Esse evento] é parte de uma luta cotidiana de defesa da universidade”, dessa forma, “momentos coletivos como este são absolutamente fundamentais e que deveria ser a lógica da universidade”.

A primeira edição do Café Digital convidou o professor Nelson Pretto para falar sobre seu recém lançado livro “Educações, culturas e hackers: escritos e reflexões”. Na oportunidade, ele trouxe questões relacionadas ao diálogo entre ciência, cultura e tecnologia. A tragédia do incêndio do Museu Nacional, ocorrida no início deste mês, e a forma como a culpa pela má administração do museu foi repassada para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), só reforça que todos devemos zelar para manutenção da universidade pública. “A coisa [as acusações contra a UFRJ] fica mais grave. Começam a dizer: ‘Claro, o setor público não dá conta de cuidar disso. Tem que privatizar”. E o Museu da Língua Portuguesa, que é patrocinado pela Fundação Roberto Marinho e pegou fogo?”, questionou.

O professor Nelson Pretto/ Foto: L. Costa

A afirmação de uma luta pela não privatização da universidade deve ser feita coletivamente. A distribuição desigual de recursos para departamentos e a falta de divulgação foram apontadas pelo professor como empecilhos para esta luta. Existem, entretanto, diversos projetos dentro da universidade que incentivam o conhecimento livre das produções acadêmicas. O próprio professor lançou seu novo livro, “Educações, culturas e hackers: escritos e reflexões”, pela Edufba com o licenciamento de livros em creative commons, [licença que permite maior compartilhamento de conteúdo de livros]. O livro licenciado, que orientou parte do debate, exemplifica como ferramentas podem ser utilizadas para atuar na veiculação do trabalho acadêmico.

“A divulgação científica é uma cobrança para nós professores, para nos tornamos os intelectuais públicos que devemos ser”. Para o professor Nelson Pretto, a divulgação deve furar os espaços que a mídia tradicional ocupa e também se utilizar de ferramentas digitais livres. A plataforma integrada Noosfero, por exemplo, atua com as funções de um website e já está sendo adotada pela UFBA. Pretto afirma que utilizar ferramentas como o Google e o Facebook limita o trabalho acadêmico, por darem preferência aos anúncios pagos. “É a mais-valia 2.0.. Você trabalha, postando e os caras ficam ricos”, critica.

O evento também ofereceu cinco oficinas, chamadas de “cantinhos”: Arduíno e construção de microscópios, Prototipação em papel de aplicativos mobile, Computação desplugada interdisciplinar, Programação com scratch e Crianças hackers e laboratórios comunitários. As oficinas foram abertas para a comunidade e para estudantes do Centro de Educação Livre Plena (CELViP), onde o Onda Digital desenvolve projetos com os alunos, fixado no município de Pau da Lima.

*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter na Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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