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Atualizado em 16 DE março DE 2018 ás 22:25

Krenaks sobrevem e lutam por território

Indígenas Giovane e Daniel Krenak apresentaram dificuldades enfrentadas pela comunidades em busca da sobrevivência após desastre em Mariana - MG

POR REBECA ALMEIDA*
rasrebeca@gmail.com

O Fórum Social Mundial (FSM 2018), no último dia 15, foi palco de mais reivindicações. Os indígenas Giovane e Daniel Krenak narraram dificuldades ainda vivenciadas pela comunidade após a ruptura da barragem de Fundão, pertencente a mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, no final de 2015. A conversa aconteceu no III Pavilhão de Aulas da Federação (PAF III)..

Os índios krenak vivem nas margens do rio Doce, possuem costumes e tradições relacionadas com rio. Devido a isso, além dos danos mais diretos como escassez de alimentos e perda de territórios, essa comunidade está entre os mais prejudicados pelos rompimento da barragem, pois foram afetados diretamente sua cultura e sua relação com as águas. Após o rompimento da barragem a pesca no rio foi proibida.

Ainda hoje, dois anos depois do desastre, a comunidade indígena sofre com as consequências devido à lama que afeta a vida do rio. Geovane Krenak conta que desde o desastre “o rio está mudando de cor a todo momento. Agora ele está mais claro, mas qualquer mudança climática, uma chuva mínima que seja, ele volta a ficar com uma coloração diferente”.

Além disso, os Krenaks ainda lutam há mais de dez anos para reaver seus territórios sagrados. Geovane alega que o território onde se encontra o cemitério ancestral do Krenaks atualmente é um território estadual, o Parque Estadual de Sete Salões. “Antes de ser declarado parque estadual, em 1998, nosso povo já reivindicava como área sagrada. Meu tataravô está enterrado lá”, conta Daniel. O estatuto de parque dificultou mais o processo de demarcação para os povos Krenaks. Para Geovane, reaver essas terras seria uma alternativa para sua comunidade uma vez que “ainda tem água limpa e matéria prima para confecção de artesanatos e utensílios”, afirma.

Daniel concluiu seu relato afirmando que tem esperanças que a participação no FSM 2018 aumente a visibilidade das dificuldades enfrentadas pelo seu povo. “Eu espero que a repercussão pelo mundo afora nos traga aliados que possam ajudar a frear o que vem acontecendo com as comunidades indígenas do Brasil”.

A maior parte das atividades do FSM 2018, seminários, oficinas, atividades culturais e conferências se concentram no Campus Ondina/Federação mas também há movimento na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e em outros espaços públicos do centro e periferia da cidade. Confira aqui a programação completa.

*Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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