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Atualizado em 9 DE agosto DE 2014 ás 21:44

Projeto vai identificar pacientes com Hepatite E

Teste de biologia molecular pretende instrumentar a saúde pública para o diagnóstico da infecção viral

Victória Libório - ASCOM/Complexo Hupes

A Hepatite E é uma inflamação aguda no fígado, que pode ser curada sem tratamento clínico, causado pelo vírus da hepatite E.  De 1999 a 2011 foram notificados 967 casos da doença no Brasil, destes três vieram a óbito. Pela baixa incidência, a doença é tradicionalmente negligenciada e fomenta interesse recentemente por conta de incidência em pacientes transplantados. Pensando nisso, o coordenador do Núcleo de Hepatites Virais do Complexo HUPES, Raymundo Paraná, cria um projeto para implantação do teste de biologia molecular para diagnóstico de Hepatite E no serviço público de saúde da Amazônia e da Bahia.

O teste será realizado através da coleta de sangue do indivíduo, que é extraída uma sequência viral. O sangue coletado vai para um equipamento complexo, que faz com que a sequencia genética do vírus passe a ser replicada sucessivamente. “Esse método produz um sinal que nos diz a quantificação do vírus que foi coletado nesse material” explica Dr. Paraná. Ele alerta que os vírus, assim como os seres humanos, têm variação genética, que implicam na resposta a determinados medicamentos. “O que a gente faz com a biologia molecular é entender qual é o grupo genético daquele vírus e que medicamentos ele estará mais susceptível”, afirma Paraná.

O Complexo HUPES tem um Centro de Referência em Hepatites Virais e um Centro de Pesquisas sobre o tema. A equipe foi procurada em 1999 por autoridades e profissionais de saúde do Acre a fim de investigar os casos relacionados à doença, suas causas e repercussões. Desde então a parceria produz estudos na região e pesquisadores vêm ao Hospital para serem treinados. O objetivo é desenvolver habilidades para lidar com essas doenças. A partir desse projeto foram criados centros de referência na Amazônia, em Rio Branco, Porto Velho, Cruzeiro do Sul e Manaus.

Apesar de os dados da vigilância epidemiológica do Sistema Único de Saúde (SUS) apresentar o Sudeste como a região que mais apresentou casos da Hepatite E nos últimos anos (48,6% dos casos registrados), Paraná afirma que o Norte é uma das regiões com maior prevalência da hepatite no mundo, principalmente a Amazônia, em relação de hepatites virais em geral. A região tem maior destaque em casos de Hepatite D, com 79,2% dos casos. Segundo ele, as populações mais isoladas são as maiores afetadas. A infecção com o vírus ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados. A incidência é maior em países de infraestrutura e saneamento básicos precários, como regiões da Ásia e África, em populações muito pobres, salvo por algum surto no México na década de 1990.

A doença não se torna crônica, mas mulheres grávidas que foram infectadas podem apresentar formas mais graves da doença. Segundo Paraná, recentemente nos EUA e na Europa os casos de Hepatite E começaram a surgir em pacientes que passaram por transplante de algum órgão. A inflamação já se manifestava de forma progressiva ou crônica, quando é necessária interferência clínica.

No Brasil, alguns centros brasileiros em hepatologia começaram a investigar pacientes transplantados renais alguns casos da Hepatite E em evolução. Segundo Paraná, o país está desaparelhado para lidar com o diagnóstico da doença. Ele não está disponível no serviço público e mesmo no serviço privado é de difícil acesso. “É nossa função enquanto Hospital Universitário: instrumentar a política pública de saúde e desenvolver tecnologias que se apliquem à sociedade”, encerra.

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