Newsletter
Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
RSS Facebook Twitter Flickr
Atualizado em 14 DE abril DE 2016 ás 21:56

Crise do neoliberalismo em pauta

A conferência sobre a crise do neoliberalismo e a emergência de novos modelos para sua superação foi ministrada pelo francês Pierre Dardot. As mudanças nas relações de trabalho e a utilização de recursos naturais também foram discutidas. O eventro aconteceu na reitoria da UFBA, no dia 13 de abril, e faz parte da programação em comemoração aos 70 anos da UFBA. Na oportunidade, o filósofo lançou seu novo livro em parceria com Christian Laval

LUCAS BRANDÃO* e SARA LIMA**
lucasllcb@gmail.com; dosjajaja@gmail.com

O neoliberalismo é uma doutrina desenvolvida a partir da década de 1970, que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição a intervenção estatal sobre a economia. “O neoliberalismo é capaz de agir levando em consideração as diferenças dos países, jogando diferentes países uns contra os outros sob a lógica interior de cada um”, explica Pierre Dardot. O filósofo francês ministrou a conferência Crise do Neoliberalismo e Emergência de Movimentos Emancipatórios, na última quarta, dia 13, no salão nobre da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O evento faz parte da programação em comemoração aos 70 anos da universidade.

Na palestra foram discutidas questões sobre a expansão do capitalismo através da relação entre a globalização e o neoliberalismo. Além disso, Dardot também comentou a possibilidade de superação do sistema pela lógica do comum, que é um princípio da democracia contra o método da concorrência. Porém, mesmo em crise, o filósofo afirma que o neoliberalismo está cada vez mais forte.

O filósofo falou da crise do neoliberalismo e da eminência de novos modelos

Para o francês, a barreira que separa os interesses individuais e os da corporação está diminuindo. “A tendência é que essa parede venha a ser derrubada de vez”. O pesquisador usa como exemplo uma empresa na Califórnia, nos Estados Unidos, onde os funcionários que comprovarem, por meio do uso de braceletes eletrônicos, terem dormido no mínimo sete horas por noite, serão bonificados. É uma maneira de disciplinar a vida das pessoas em função dos desejos das empresas.

A lógica da ilimitação e compensação, presente na sociedade neoliberal, defende que as empresas podem usufruir da natureza o quanto acharem necessário. Em contrapartida, as organizações devem ressarcir o meio ambiente. Dardot acredita que há uma despreocupação com a biodiversidade, porque a retribuição não é feita de maneira justa. “O que importa é a equivalência do ponto de vista mercantil”. Por isso, há um estabelecimento de valores na natureza, aquilo que é possível destruir e o que se pode oferecer em câmbio por aquilo que foi destruído. As empresas mensuram a natureza em valores monetários.

Foto Ascom/Assufba

Em referência a Gary Becker, economista norte-americano defensor da Teoria do Capital Humano, Dardot explica que  o neoliberalismo quer cada individuo conduzindo sua vida como se ele mesmo fosse uma empresa. “Cada homem deve considerar a si mesmo como um capital e o governo deve investir nesse capital.”

A nova razão do mundo – Pierre Dardot veio a Salvador para o lançamento do seu livro A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal, escrito em parceria com Christian Laval. Os autores defendem, na publicação, que é preciso uma análise complexa para se compreender o neoliberalismo. Dessa forma, seria possível um aprofundamento do conhecimento sobre o tema com o objetivo de pensar um novo modelo. “O grande erro cometido por aqueles que anunciam a ‘morte do liberalismo’ é confundir a representação ideológica que acompanha a implantação das políticas neoliberais com a normatividade prática que caracteriza propriamente o neoliberalismo”.

Com tradução simultânea e  transmissão online, a palestra foi iniciada com um documentário sobre o WikiLeaks, empresa que divulga documentos secretos de diversos países, denunciando abusos, desvios de dinheiro e outros fatos polêmicos.

“Os estudos de Dardot e o Christian Laval tentam capturar fenômenos de contra-tendências em relação ao neoliberalismo. Nós consideramos que o fenômeno WikiLeaks é um desses importantes e novos no planeta”, explica o historiador e sociólogo e também coordenador do grupo de pesquisa Oficina Cinema-História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA , Jorge Nóvoa.

Dardot lançou seu novo livro no evento

O vice-reitor da UFBA, Paulo Miguez, também prestigiou o evento que teve a promoção do grupo de Pesquisa Oficina Cinema-História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia e da Rede Internacional de Estudos sobre Neoliberalismo (UFBA, USP e Universidade de Paris).

*Graduando do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e estagiário da Agência de Notícias em CT & I Ciência e Cultura.

**Graduanda do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e colaboradora da Agência de Notícias em CT & I Ciência e Cultura.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *