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Atualizado em 12 DE maio DE 2018 ás 10:00

Doença representa 28% dos casos de neoplasia no Brasil

Câncer de mama é uma das neoplasias mais comuns no país e seu diagnóstico permanece como um divisor de águas nas vidas de pacientes

POR AMANDA DULTRA*
amandadultra@hotmail.com

“A descoberta do câncer alterou muito as minhas prioridades e a importância da minha família em minha vida”, conta a procuradora do município Vera Lúcia Dultra, diagnosticada com o câncer de mama quando tinha 58 anos de idade. Hoje, aos 67, ela nos conta que o tratamento continua com doses de inibidor hormonal e conta com o apoio dos filhos e de amigos para continuar seguindo em frente. Histórias como as de Vera, por mais que não ouvimos muito, é bem comum entre mulheres que tiveram diagnóstico positivo para o câncer de mama.

O Câncer de Mama é o tipo de neoplasia mais comum no Brasil e no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), representa 28% dos novos casos por ano, sendo que neste ano foram 59.700 diagnósticos. Embora o número da doença tenha crescido progressivamente em pessoas com mais de 35 anos, especialmente após os 50, tem aumentado nos últimos anos sua ocorrência em mulheres mais jovens. Um exemplo disto é o da jornalista Mariana Sebastião, diagnosticada com a doença aos 24 anos. Segundo ela, mesmo tendo várias mulheres com a mesma idade que ela sendo tratada com o câncer de mama, ainda é menor que em mulheres mais velhas.

De acordo com o oncologista Francisco Dantas, não se pode garantir que houve um aumento do número de mulheres jovens com câncer de mama, mas o aparecimento de novos casos se dá por conta de aumento do nível de informação, redução do preconceito e maior facilidade ao acesso ao diagnóstico. “O diagnóstico de câncer de mama em pacientes jovens em geral nos remete a uma história familiar de câncer de mama e, portanto, de natureza genética”, afirma Dantas.

Imagem: Giovanna Hemerly

O médico afirma ainda que a internet permitiu um acesso mais fácil a muitas informações, embora nem sempre confiáveis, “além do posicionamento de pessoas famosas, como artistas e representantes políticos, que assumem as suas doenças ajudando a diminuir o preconceito que era um obstáculo na busca do diagnóstico e, de certa forma, desmistifica o câncer”.

Na Bahia, em 2017, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), apenas 1,7% das internações por neoplasias malignas de mama foram do sexo masculino, enquanto que 98,3% em mulheres, sendo que destes, a grande maioria dos casos estão em mulheres com mais de 30 anos. O câncer mamário apresenta como fatores de risco: genética, idade, razões relacionadas ao estímulo do hormônio estrogênio (endócrinas), ou mesmo causas comportamentais – como tabagismo, obesidade, ou consumo de bebidas alcoólicas. Independentemente dessas condições, receber a confirmação do cancro é um baque.

Cartilha do INCA publicada em 2016

Tratamento invasivo – Todas as mulheres que entrevistamos são unânimes ao afirmarem que o tratamento contra o câncer pode trazer experiências impactantes, sendo assim, para elas, um divisor de águas em suas vidas. O câncer é uma doença bastante invasiva que é definida pelo crescimento desordenado de células que se alastram pelos órgãos e tecidos. O carcinoma que se desenvolve no tecido mamário ocorre primariamente em mulheres, sendo muito raro em homens.

Os tratamentos tendem a ser agressivos, seja com medicamentos específicos, quimioterapia, ou radiação, radioterapia. Seus efeitos são transformadores e um deles, em específico, simboliza uma dura realidade para seus pacientes: a perda de cabelo. A perda dos cabelos é sem dúvida um dos fatores da diminuição da autoestima para muitas mulheres que precisam enfrentar o tratamento do câncer.

“O câncer não modificou muito a minha vida no início, porque até um certo momento não tive entendimento do que era a doença em si. Só descobri o que era o câncer quando fiquei sem os meus cabelos”, relata a nutricionista do Grupo GR, Sônia Simone Costa dos Anjos.

“Nenhum efeito colateral ou limitação do tratamento me trouxe a sensação de tristeza profunda que eu tive quando soube que o tratamento incluía ficar sem cabelos. Meus cabelos sempre foram a minha identidade e eu não estava pronta para não tê-los. Cada pessoa tem um ponto que acha mais difícil. O meu com certeza foi saber disso”. Contou Mariana Sebastião lembrando-se da sensação.

Imagem: Giovanna Hemerly

O diagnóstico precoce - No caso do câncer de mama, os sintomas – nódulos, alterações na pele, ou liberação anormal de líquido pelas mamas – tendem a ser facilmente notados e o pode ser impedido com o diagnóstico precoce. Mesmos tendo em vista que não podemos falar na possibilidade de prevenção do câncer, existem maneiras e cuidados para que a doença possa ser diagnosticada precocemente.

Para o oncologista Francisco Dantas, a prevenção em câncer é difícil pela própria natureza da doença. “Existe o caso do câncer de colo do útero que é fortemente relacionado à infecção viral, então prevenir a infecção pelo vírus certamente diminuirá o número de câncer de útero no futuro. As campanhas de prevenção certamente ajudam a fazer um diagnóstico mais cedo – sendo uma prevenção secundária – aumentando as chances de cura. A grosso modo, tentativas de prevenção focam em mudanças no hábito de vida e alimentares da população (como fumar, por exemplo) e podem sim ter impacto na incidência de alguns cânceres.”

Na Bahia, existem esforços governamentais para disponibilizar e ampliar o tratamento desta mazela. O estado conta com nove unidades da Rede Pública que atendem pelo Sistema Único de Saúde em Salvador e em mais outras nove, divididas nas cidades de Feira de Santana, Juazeiro, Ilhéus, Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas e Itabuna. Além disso, tem no estado 143 aparelhos mamógrafos de comando simples, 30 com estereotaxia – ou com coleta de amostra de tecido, e 35 aparatos computadorizados.

*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter na Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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