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Atualizado em 17 DE agosto DE 2017 ás 16:04

Matheus Moraes

Com apenas 11 anos de idade, Matheus Barbosa Moraes ou “Teteus Bionic” (como é conhecido pelo seu canal no Youtube), já é professor, palestrante e programador de jogos. Estudante de escola pública, em São Paulo, aprendeu a programar com apostilas da internet e pelo incentivo do pai, programador há mais de 20 anos. Desde os oito anos dá aulas de programação para crianças numa ONG em Mauá, sua cidade. Aos sete, criou seu primeiro jogo e aos nove um projeto de satélite artificial. No último dia 11 de agosto, participou da terceira Campus Party como palestrante do seu tema preferido: astronomia

MARCELA VILAR*
marcelavilarms@gmail.com

Fonte: Marcela Vilar

Ciência e Cultura - Como surgiu o interesse pela área de desenvolvimento de programas?

Matheus Moraes - Depois que aprendi a ler, aos sete anos de idade, meu pai começou a me ensinar programação. Como sempre gostei de videogame e assistia muito Matrix na época, achei bem legal a ideia e me empolguei.

Ciência e Cultura - Qual a influência de seus pais para que você seguisse este caminho da tecnologia? O que eles acham disso?

Matheus Moraes - Eles me incentivam bastante. Entrei nesse mundo porque meu pai é programador e queria que eu aprendesse também. Então ele arrumou o material: baixou o “Scratch”, que é onde programo, pegou uma apostila que encontrou na internet, deixou uma página aberta no Google e falou: pronto, aí está.

Ciência e Cultura – O que é o Scratch?

Matheus Moraes - É uma plataforma de desenvolvimento de projetos, que dá para fazer arte, desenhos, animação, jogos… tudo em 2d. Até minha palestra eu fiz usando o Scratch. É muito simples: você cria um código arrastando os bloquinhos. Descobri que também dá para fazer jogos 3d, coisa que achava impossível até pouco tempo atrás.

Ciência e Cultura - Você dá aulas de programação em ONGs para crianças. Pretende seguir a área acadêmica, ser professor no futuro?

Matheus Moraes - Toda segunda-feira dou aula na ONG “Nova Era Novos Tempos”, em Mauá, São Paulo. Acho muito legal dar aulas, é super divertido, mas não pretendo ser professor, quero mesmo é ser astronauta.

Ciência e Cultura - Com que idade você desenvolveu seu primeiro jogo? Quantos jogos desenvolveu desde então?

Matheus Moraes - Aos sete fiz meu primeiro jogo, mas não é todo dia que mexo no Scratch. É divertido, mas de vez em quando dá mais vontade de jogar do que de realmente fazer um jogo (risos). Às vezes vou só conferir um novo e acabo jogando muito mais tempo. Mas, ao todo, fiz uns cinco jogos. O primeiro que fiz era de um bonequinho que andava e pegava frutinhas, com outro bonequinho correndo atrás dele.

Ciência e Cultura - Você criou no ano passado um projeto de satélite artificial. Como ele funciona?

Matheus MoraesMinha idéia inicial era fazer um protótipo de sistema solar. Eu colocaria o satélite artificial girando ao redor do Sol para pegar informações da Terra. De início, ia ser numa maquete de isopor, mas não consegui fazer. Então transferi tudo para o jogo que criei com o Scratch. Coloquei uma placa de Arduíno, que é onde se programa robótica, com dois sensores: o sensor Hall e o sensor de distância. O sensor Hall mede a força magnética de algo. Não é bem assim que acontece, mas quis simular a atmosfera de um planeta através de sua força magnética. O programa simula o sistema solar, onde o satélite fica se movimentando até chegar a certo nível de distância do planeta. Eles têm que estar sincronizados, perto o suficiente para que ele [o satélite] possa pegar as informações e enviar para o computador. Eu posso captar dois tipos de informação: as medidas da força magnética e de distância, que é feita em relação ao Sol. O satélite manda as informações para o jogo, o Scratch, ele próprio faz a análise, e pego as informações que quero, que são a força magnética e a distância.

Ciência e Cultura - Tem algum projeto em andamento?

Matheus Moraes – A gente só tem um projeto em andamento, que são as aulas nas ONGs e estamos começando a entender como funciona um foguete. Eu queria construir um foguete de competição, caseiro mesmo, daqueles menores de 3 metros, que não é para uma pessoa entrar. Eles são lançados para saber até que altura vai e se sobrevivem na queda. Se o meu passar de 50 metros já tô feliz.

Ciência e Cultura - Qual o papel da astronomia na sua vida?

Matheus Moraes - Sempre me interessei por astronomia, em saber o que existe ao redor de nós e acredito que existe sim vida em outro planeta. O universo é muito grande, talvez infinito como as pessoas dizem. E nós somos menos de 1%: estamos num planeta, dentro do Sistema Solar, da Via Láctea, que está dentro de um conjunto de galáxias. Tem uma teoria que eu e meu amigo pensamos: e se na verdade nós somos um único átomo? A estrutura molecular do átomo tem alguns elétrons que giram ao seu redor em sentido horário e os nêutrons e prótons no meio. Os nêutrons e prótons seriam a nossa estrela e os planetas seriam os elétrons. A gente é como um átomo no Universo, estaríamos a nível molecular. Tem outra teoria que é mais maluca ainda: que é que a gente está dentro de um átomo, que está dentro de outro átomo, que está dentro de outro… como num looping infinito.

Ciência e Cultura – Como foram suas experiências nas outras Campus Party? E na Bahia, como está sendo diferente das outras?

Matheus Moraes - Eu gostei bastante de todas, a de São Paulo acho que foi mais organizada, mas a de Brasília também foi legal. Dei palestras diferentes em cada Campus. A primeira foi em São Paulo sobre “a jornada do herói criando seu primeiro jogo”, na segunda o tema foi “Teteus Bionic: astronomia, robótica e programação de jogos” e nessa agora será “Imagem e astronomia”. O foco maior é em astronomia. Aqui na Bahia, por ser dentro de um estádio, fez a Campus se tornar bem diferenciada.

Ciência e Cultura - Sobre o que você vai falar na sua palestra?

Matheus Moraes - Eu vou usar uma ferramenta chamada UniverseStandBox 2.0, que é um programa que simula coisas de astronomia. A gente pode colocar gravidade, simular o sistema solar, colocá-lo em outra configuração. Vou usar essa plataforma para falar de algumas teorias e simular algumas catástrofes: inserindo uma estrela, criando um buraco negro, invertendo a ordem dos planetas. Por exemplo: se a gente colocar o Júpiter no lugar da Terra, isso provavelmente vai fazer com que a gente deixe de existir.

Ciência e Cultura - Qual a mensagem que você deixa para as outras crianças que também querem se envolver com ciência e astronomia?

Matheus Moraes – Eu daria a mesma mensagem que o Gabe** deu para mim: sempre acredite em si mesmo, faça seu melhor e sempre se divirta.

** Gabe Gabrielle foi diretor de Engenharia do Comando Especial de Operações da Força Aérea dos Estados Unidos, engenheiro da computação da National Aeronautics and Space Administration (NASA), onde trabalha hoje como palestrante oficial. A amizade começou quando o Matheus apresentou a ele seu projeto de satélite artificial, após dar uma oficina de programação de jogos para 32 crianças de escola pública na Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens). A faculdade tem parceria com o Space Kennedy Center, responsável pela parte de divulgação aeroespacial da empresa americana.

* Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter na Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura Ufba

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