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Atualizado em 27 DE outubro DE 2016 ás 11:53

Maria Carmem Jacob de Souza

Há mais de uma década, o grupo de pesquisa A-Tevê, coordenado pela professora Maria Carmem Jacob de Souza, dedica-se a estudar os aspectos estéticos, estilísticos e narrativos da ficção televisiva associado aos processos criativos e autorais em seu entorno. Atualmente o Grupo ampliou o escopo de investigações e tem como objeto de investigação outros tipos de produtos e linguagens além da telenovela, minisséries e seriados, como filmes de ficção, filmes publicitários e histórias em quadrinhos

POR VICTOR SANTOS*
victorf.santos95@gmail.com

Ciência e Cultura – O que é um grupo de pesquisa?

Maria Carmem – Dentro dos cursos de pós-graduação, há um principio de que a formação de pesquisadores tende a ser melhor se você congregar, em torno do orientador, um conjunto de pesquisadores que estão sendo formados e que possam com isso criar um ambiente de trabalho mais voltado para as questões especificas que os envolve. A orientação individual tem suas vantagens, mas perde-se a experiência coletiva de discussão e criação dos problemas de pesquisa que tem aspectos comuns.

Por exemplo, hoje eu trabalho com a questão de autoria e estilo em vários produtos de mídia. Perceba que se eu fico só estudando/trabalhando com um colega que está pesquisando uma série estadunidense, outro que estuda a relação entre histórias em quadrinho e produção de filmes, tem questões de estilo e autoria que são comuns no âmbito do audiovisual e se eles não estão juntos, nós perdemos a possibilidade de discussão.

Cria-se, assim, um ambiente onde se desenvolve metodologias, aprofunda aspectos teóricos que são comuns e aprende também a olhar uma pesquisa especifica do colega. É um espaço de formação do pesquisador, em um espaço compartilhado e que pode ser muito rico.

Acredito realmente que o pesquisador deve se preocupar em traduzir esses conhecimentos, acumulados na universidade, em recursos que possam ser uteis para a sociedade”

Ciência e Cultura - Atualmente, quais as linhas de pesquisa do A-Teve?

Maria Carmem – O A-Teve nasce nesse período dos anos 2000. A minha pesquisa há algum tempo é sobre telenovela, com a preocupação de entender o processo criativo. Nesse processo, qual a importância do roteirista autor e a relação que se estabelece de parcerias criativas com diretores, atores e outros profissionais envolvidos e como é que a gente compreende melhor esse processo criativo entendendo a empresa que produz e distribui essas novelas e as relações que se estabelece com o público consumidor. Como o produto é pensado nesse processo de criação, como é que se acompanha as reações desse público e como é que isso reverte, recria ou reinventa o que está na novela, sem desconsiderar a dimensão comercial que envolve esse produto.

Eu comecei assim, mas o conjunto de pessoas interessadas na Pós-Graduação em trabalhar na novela é pequeno, para você ter uma ideia, hoje eu oriento meu primeiro doutorado sobre novela, isso em quinze anos de trabalho aqui na Facom. Por isso, eu acolhi pesquisas que examinavam outros tipos de produtos que não só a telenovela e abri para outras experiências que ajudem a gente a pensar a criação da ficção no audiovisual seriado e não seriado.

Ciência e Cultura – Existe intercâmbio com outros grupos de pesquisa?

Maria Carmem – Nós temos outros dois braços de trabalho. Um envolvendo pesquisas, com a participação da Rede Brasileira de Pesquisadores do Observatório de Ficção Televisiva, coordenado pela professora Marina Immacolata, da ECA-USP. A Rede OBITEL BRASIL envolve mais de 8 universidades brasileiras que desde 2007 examinam a ficção televisiva. Há mais de cinco anos examinamos as práticas dos fãs e o fenômeno da transmidiação, em especial, o que vem ocorrendo com as telenovelas.

“A orientação individual tem suas vantagens, mas perde-se a experiência coletiva de discussão e criação dos problemas de pesquisa que tem aspectos comuns”

Ciência e Cultura – Você poderia falar como surgiu a ideia de criar a Estação do Drama?

Maria Carmem – Eu gosto muito das atividades de extensão. Acredito realmente que o pesquisador deve se preocupar em traduzir esses conhecimentos, acumulados na universidade, em recursos que possam ser uteis para a sociedade. No nosso caso, como eu pesquiso o lugar do processo de criação e a importância do roteirista nas narrativas seriadas, eu acabei ficando muito próxima de roteiristas e com muita vontade de trabalhar com a formação desses profissionais. Essa vontade gerou a Estação do Drama em 2014 e é um projeto que me motiva muito. É uma forma de conhecer o mercado local e nacional, de conhecer as produtoras de audiovisual e de se envolver com os desafios criativos da profissão do roteirista. A equipe de mestrandos e doutorandos do A-teve estão muito engajados nesse Projeto que teve seu primeiro grande reconhecimento recentemente com a aprovação de nosso projeto de formação de roteiristas de narrativas seriadas de animação, ficção e documental, pelo edital de 2016, setor de audiovisual, da Secult.

*Estudante do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba

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