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Atualizado em 15 DE junho DE 2011 ás 01:20

Lailton Passos Cortes Junior

Professor do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia - Ufba e pesquisador em Ensino de Ciências fala sobre a importância da inserção da educação ambiental e relações entre ciência, tecnologia, sociedade, ambiente e inovação na educação básica e no ensino de química

Por Cátia Aragão*
katiaragao02@gmail.com

Ciência e Cultura - Qual sua área de atuação e pesquisa?

Lailton Passos Cortes Junior – Sou pesquisador da área de ensino de ciências e minhas pesquisas estão voltadas a investigar a educação ambiental, relações CTSA, Química Ambiental e Química Verde no ensino de química e na formação de professores, de nível médio e superior. Faço parte de um grupo de professores com formação em química e em educação, com pesquisas voltadas para melhor qualidade da educação química. Os pesquisadores possuem diferentes linhas de pesquisa, como formação de professores, filosofia da química, história da química, experimentação, aprendizagem significativa, dentre outras. Muitos são professores da graduação e pós-graduação.

Ciência e Cultura - Como tem ocorrido a educação ambiental nas escolas?

Lailton Cortes Junior – Apesar de a educação ambiental ter sido institucionalizada a partir de 1997 através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), lançados pelo Ministério da Educação e pela Política Nacional de Educação Ambiental em 1999, diversas pesquisas apontam tímidas iniciativas, inúmeras dificuldades e falta de conhecimento e interesse dos professores em implementar atividades envolvendo a questão ambiental de forma crítica, sistemática e transversal. Na maioria dos casos, é predominante uma concepção do conhecimento fragmentado e muitas vezes ingênuo sobre o meio ambiente e a

educação ambiental, em que bastaria informar para conscientizar e promover mudanças.

Ciência e Cultura - Qual a relação entre a química e o meio ambiente?

Lailton Cortes Junior – A Química é uma ciência historicamente construída pela humanidade em diferentes contextos. Ela busca compreender os fenômenos e processos que ocorrem no meio ambiente e possui objetivos práticos de aplicações, através da manipulação da matéria e contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias e produtos. O meio ambiente não é sinônimo de paraíso ou natureza intocada. É o espaço físico onde vivemos com outras espécies e em sociedades, e é de onde retiramos recursos “matérias-primas” para sobrevivência e muitas vezes para além dessa. E não podemos esquecer que também somos meio ambiente. O fato dos compartimentos água, ar e o solo estarem constantemente trocando matéria e energia deve ser considerado para entendermos as implicações das atividades humanas e do uso da química no meio ambiente.

Ciência e Cultura - E a indústria química?

Lailton Cortes Junior – Atualmente a indústria química é considerada um setor estratégico do desenvolvimento de qualquer nação. A necessidade de produtos sintéticos como plásticos, combustíveis, remédios, alimentos dentre outros é cada vez mais evidente nas sociedades. A poluição e acidentes envolvendo indústrias químicas têm gerado uma imagem pública negativa da química, como algo tóxico e nocivo ao homem. Vazamentos de substâncias químicas são exemplos que reforçam uma imagem negativa da Química. A atividade química, assim como diversas áreas do conhecimento, tem investido no

desenvolvimento de tecnologias limpas. Na área da Química, a emergente filosofia da Química Verde tem saído dos laboratórios de pesquisa e alcançado os processos industriais.

Ciência e Cultura - O que é Química Verde?

Lailton Cortes Junior – Química Verde é uma filosofia de abordagem dos processos químicos para planejamento e desenvolvimento de produtos e processos que resultem na redução do uso ou da geração de substâncias consideradas insalubres e perigosas para o homem e para o meio ambiente. Ela apresenta caráter de prevenção da poluição.

Ciência e Cultura - Pode dar um exemplo da educação ambiental no ensino de química?

Lailton Cortes Junior – Identificar situações e problemas que sejam de ordem socioambiental e utilizar o tema como gerador de partida, em que os conteúdos químicos atrelados a conhecimentos da ciência e tecnologia sejam necessários para o entendimento e resolução do problema. Atualmente venho investigando a utilização do tema bioplásticos no ensino de química, que é um tema controverso, polêmico e atual.

Ciência e Cultura – Você pode definir o que são os chamados bioplásticos?

Lailton Cortes Junior – “Bio” vem de fontes renováveis. São polímeros que tem matéria prima de fontes renováveis, como a cana de açúcar. O etanol é desidratado a eteno, que é polimerizado em processos convencionais, obtendo o polietileno ou biopolietileno. Vale

ressaltar que este plástico não é biodegradável. A literatura específica indica que biopolímero provem de fonte renovável e é biodegradável. Esses plásticos são produzidos utilizando matéria – prima renovável e microorganismos. Podemos dizer que estamos vivendo na “era dos plásticos”. Várias coisas como: brinquedos, peças de automóveis, calçados, entre outras, são plásticos.

"A Química pode contribuir para ampliar a visão de mundo."

Ciência e Cultura - Você acha que a maioria das pessoas tem esse conhecimento? E qual a importância delas o obterem?

Lailton Cortes Junior – Acredito que não. Podemos dizer que estamos vivendo na “era dos plásticos”. Varias coisas como: brinquedos, peças de automóveis, calçados, entre outras, são plásticos. Apesar dos plásticos estarem presentes em nosso cotidiano, em diversas formas e materiais tem origem principalmente no petróleo. As pessoas consomem, necessitam e não sabem de onde vem e nem o destino final de um determinado produto. Para onde vai esse produto? Vai para o lixo? E qual o destino desse lixo? Ele vai ser reciclado? Incinerado? Ou vai para aterros sanitários? As respostas para estas e outras perguntas, acredito, a grande maioria não sabe responder. É muito importante às pessoas obterem esse conhecimento, o que envolve a discussão de vários setores: político, econômico, da própria cultura e da sociedade. A nossa tese central é que a educação seja um catalisador, um meio para que as pessoas tenham maiores condições na hora de escolher e utilizar os produtos que sejam mais sustentáveis.

Ciência e Cultura - Quais as implicações socioambientais que os plásticos podem causar?

Lailton Cortes Junior – Precisamos, primeiro, entender o contexto do ciclo de vida do produto. Desde a matéria prima (insumos) se ela é derivada do petróleo ou de fontes renováveis; as etapas de produção, os setores que são envolvidos, até sua utilização e o descarte. Este ciclo de vida, que também é chamado de “do berço ao túmulo’’ é para que se entenda todo o processo de produção. Quanto às implicações, dependendo do processo, pode ser: a poluição do ar, das águas, dos mares, o acúmulo do material em ambientes, a poluição do solo. Uma vez que a população venha utilizando esses materiais em grande quantidade.

Ciência e Cultura - Podemos viver sem os plásticos?

Lailton Cortes Junior – Acredito que não. A solução deve partir da redução do seu uso exagerado e produção de materiais que seja do ponto de vista ambiental com menor impacto.

Ciência e Cultura - Qual a importância para os alunos de ensino médio em obterem um aprendizado mais profundo sobre química?

Lailton Cortes Junior – A química pode contribuir em ampliar a visão de mundo e possibilitar aquisição de conhecimentos sobre essas implicações ambientais, das relações entre a ciência, a tecnologia, a sociedade e o meio ambiente. Tendo esses conhecimentos os indivíduos poderão tomar decisões diante da sua plenitude de vida, da sua condição enquanto consumidor.

Ciência e Cultura - A sua pesquisa visa trabalhar o aprendizado de química. Como a química na perspectiva da Química Verde e temas plásticos são passados para os alunos?

Lailton Cortes Junior – A pesquisa não visa trabalhar apenas esse tema, mas outros, como aquecimento global, bicombustíveis, radiação, temas que sejam de ordem socioambiental, tanto global como local, a exemplo da poluição de um determinado ambiente, a qualidade do ar da cidade, dos rios que passam pela cidade, quais as fontes de poluição e, a partir desses temas geradores, trabalharem com os alunos os conceitos e as implicações.

Ciência e Cultura - Qual a melhor maneira de se trabalhar o tema bioplásticos em sala de aula?

Lailton Cortes Junior – Como um tema gerador, em que ele seja central para que os conceitos e os conhecimentos químicos sejam articulados. Fazer interseções entre a tecnologia, a ciência, sociedade, ambiente, cultura, economia e política. Que se eduque através da química, partindo desse tema e que seja um processo dialógico no qual os alunos sejam capazes de através de conhecimentos reelaborarem seus conceitos. Assim, esse aluno vai aprender a química em contextos reais e que esteja relacionada ao seu cotidiano.

*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

Um comentário a Lailton Passos Cortes Junior

  1. Missao Tanizaki disse:

    ALERTA aos Futuros Químicos & Profissionais AFINS

    Prezados Cidadãos Brasileiros & Interessados pelo AGUAPÉ,

    A Equipe BR do AGUAPÉ recomenda aos Profissionais da Química & Afins a leitura da matéria / entrevista (Link abaixo), pois apresenta algumas DICAS IMPORTANTES para AQUELES que se preocupam / acreditam na Química VERDE.

    http://m.estadao.com.br/noticias/vidae,quimicos-brasileiros-deveriam-investir-na-pesquisa-em-biomassa,738539.htm

    Ajude na DIVULGAÇÃO desta MENSAGEM, certo que poderá ser Muito ÚTIL para Uma Melhor FORMAÇÃO dos Futuros PESQUISADORES–ÉTICOS & Novos AUTO–DIDATAS que, de FATO, CONTRIBUIRÃO, para o Desenvolvimento SOCIAL & Econômico do BRASIL SUSTENTÁVEL.

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    NOTA: “Quando Sonhamos SOZINHOS é só um SONHO, mas quando Sonhamos JUNTOS é o início de uma Nova Realidade” (D. Helder Câmara) – apresente as suas MANIFESTAÇÕES (Críticas, Sugestões, ETC.), utilizando o Endereço Eletrônico: missao.tanizaki@gmail.com, certo que muitos na Sociedade Brasileira, inclusive a Equipe BR do A G U A P É, te agradeçerão.

    LEMBRETE: um dia nos APOSENTAMOS dos Trabalhos que garantem o Pão Nosso de Cada Dia, mas muitos Trabalhos Nobres estão aguardando por nossa AJUDA – Desenvolver os referidos Trabalhos Nobres faz parte dos Nossos DEVERES / OBRIGAÇÕES NOBRES e são BÁSICOS para nos manter FELIZ no Dia a Dia ! ! ! ! ! !

    Um Abraço Fraterno aos Interessados pelo A G U A P É,

    MISSAO TANIZAKI
    Servidor Público Federal
    Bacharel em Química
    missao.tanizaki@gmail.com (Usual)
    missaotanizaki@yahoo.com.br (Alternativo)
    OSCIPE (*) – Equipe BR do A G U A P É
    TUDO POR UM BRASIL & MUNDO MELHOR

    (*) REF.: Definições do SEBRAE

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