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Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
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Atualizado em 13 DE setembro DE 2016 ás 23:07

Itânia Gomes

Com uma trajetória acadêmica consolidada no campo do Telejornalismo, Itânia Maria Mota Gomes mudou de objeto de estudo. Atualmente coordena o Centro de Pesquisa em Estudos Culturais e Transformações na Comunicação, o TRACC, que tem como objeto de pesquisa as transformações na comunicação audiovisual

POR MARINA MATOS*
marinabmatoss@gmail.com

Ciência e Cultura – Como a senhora vê a questão cultural principalmente no contexto político atual?

Itânia Gomes – Eu acho que tem um reconhecimento do governo golpista de que na situação que a gente vive, de capitalismo, a transformação passa pelos processos culturais, não só pelos econômicos ou econômico-políticos, previstos no marxismo mais clássico, mas numa perspectiva Gramsciana. Eu acho que se tem um reconhecimento de que a disputa se dá na cultura. Não é a toa que eles estão indo para o controle de todos os lugares onde justamente se disputam determinados consensos sobre a sociedade.

Ciência e Cultura – Como os cortes do CNPq e da CAPES podem influenciar em sua pesquisa?

Itânia Gomes – A pesquisa da gente é financiada pela universidade mesmo ou via CAPES ou CNPq. Então os cortes significam  um modo de dizer que a gente não precisa de pesquisa nas ciências humanas e sociais. Duvido que esses cortes cheguem nas pesquisas empíricas. Um governo que tem como lema “Ordem e Progresso”, imagino que vá favorecer o positivismo nas ciências também. É muito grave, por que o momento atual é de muita instabilidade. Sou representante da área de Comunicação no CNPq e vemos  muita pouca clareza de para onde a gente vai. No médio prazo, acho que significa paralisação da pesquisa.

Ciência e Cultura – Como a senhora vê o processo de popularização do conhecimento do conteúdo da pesquisa?

Itânia Gomes – Não acho que a popularização necessariamente significa sair do âmbito da Universidade, inclusive por que a gente tem um processo de políticas públicas do governo do PT de popularização da própria universidade, com política de cotas, com REUNI, com o processo de ampliação da universidade para outras classes sociais. Eu não tenderia a ver popularização como movimento de saída da Universidade, mas talvez de acolhimento da diversidade. Por outro lado, como as universidades são autônomas e a gente se habitou, acho até que que isso é um problema que temos que trabalhar muito e fazendo o que a gente bem entende, a universidade se fecha em si mesma. Quanto ao aspecto de levar o conhecimento para fora da universidade, com o ambiente da Internet, a popularização da ciência se dá de modo até mais fácil, com a publicação de artigos e livros com acesso aberto, e a partilha e divulgação das atividades nas redes sociais, o que é um ótimo modo de ampliar o diálogo.

Ciência e Cultura – A senhora começou a pesquisa voltada para Cultura e Audiovisual em 2015. Qual a maior dificuldade encontrada até agora?

Itânia Gomes- É muito recente, então a dificuldade é muito mais interna, no meu próprio percurso. Eu consolidei uma trajetória de pesquisa em telejornalismo e estou mudando de objeto. Isso é uma dificuldade. Por outro lado, eu acho que a pesquisa com telejornalismo me habilitou a olhar audiovisual de outros modos. Isso é uma dificuldade mais concreta que sinto no dia a dia, no cotidiano da pesquisa, por que envolve mudança na relação com os alunos, orientação, mestrado, doutorado. Outro dado que ainda não deu pra sentir é justamente como vai ficar a relação com a possibilidade de fazer pesquisa com financiamento público. Por enquanto alguns projetos estão mantidos, por que foram financiados antes, mas a gente não faz ideia de como vai ficar pra frente.

*Estudante de Comunicação da Faculdade de Comunicação da Ufba

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