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Atualizado em 7 DE abril DE 2011 ás 21:44

Efeitos de dragagem nos portos de Salvador e Aratu são tema de pesquisa na Ufba

Pesquisa pretende monitorar atividades de dragagem nos dois portos e evitar queda de produção extrativista em mangue

Por Josemary Nunes
jacynunes25@gmail.com

Avaliar o impacto ambiental promovido pelas atividades de dragagem nos portos de Salvador e Aratu, empregando organismos planctônicos como biomonitores. É assim que está sendo realizada pelo Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) a pesquisa de Monitoramento da Comunidade Planctônica, que visa verificar o grau de poluição da água e as suas conseqüências para os organismos invertebrados e para os peixes.

O estudo utiliza algas (Fitoplâncton), Larvas (Ictioplâncton) e animais (Zooplâncton) que vivem na coluna de água como monitores de avaliação da qualidade da água e dos efeitos da dragagem. A pesquisa é resultante de um convênio entre a Companhia das Docas do Estado da Bahia (CODEBA), a Fundação de Apoio a Pesquisa e Extensão (FAPEX) e a UFBA, a pesquisa foi iniciada em fevereiro desse ano e é coordenada pelo Doutor em Oceanografia, Paulo de Oliveira Mafalda Júnior. “Esses portos estão sendo alvos de atividade de dragagem. Quando a draga re-mobiliza o fundo da baia, re-suspende sedimentos e com eles remove também poluentes que podem estar acumulados de restos de hidrocarbonetos, alguns metais pesados e nutrientes acumulados. Essas substâncias químicas são lançadas nas colunas d’águas e conseqüentemente altera a qualidade da água. Essas mudanças na qualidade da água terão reflexos sobre a atividade planctônica”, explica o pesquisador.

Ainda segundo o Doutor Paulo Mafalda, os estudos e coleta de amostras dos sedimentos e da água acontecem em fases. No mês de fevereiro houve coleta de material no porto de Aratu e nos mês de março o mesmo trabalho foi realizado no porto de Salvador. “Teremos quatro ou cinco momentos para ser comparado entre si. Assim nós poderemos verificar qual foi o efeito da re-suspenção do sedimento”, afirma Mafalda.

Análise toxicológica da água

A pesquisa de monitoramento pretende controlar as atividades de dragagem nesses portos, no intuito de salvaguardar o meio ambiente das ações deletérias dessas atividades. Para isso, os estudos envolvem além da análise toxicológica da água, o monitoramento da comunidade bentônica, aqueles animais que vivem no fundo, o monitoramento da comunidade dos peixes para verificar se há alguma alteração na pesca, e o monitoramento dos recifes de corais.

O professor explica que embora a atividade de dragagem impacte, ela não pode deixar ser feita, contudo devem-se minimizar suas conseqüências. Os órgãos ambientais devem fiscalizar se a empresa que estiver promovendo o impacto está fazendo isso dentro das normas ambientais aceitáveis, pois caso a atividade de dragagem esteja sendo realizada sem monitoramento e sem fiscalização as conseqüências para a população podem ser danosas.

“Nós poderemos ter queda na produção extrativista no manguezal, na produção de ostras, dos mexilhões, e de lambreta. Todos esses organismos que vivem na zona intermareal ou que vivem nas áreas de mangues, nas raízes, seriam afetados. Nós teríamos também alteração na pesca de peixes. Se isso acontecer a empresa tem que ser responsabilizada e tem que ressarcir a população. Se a coisa foge do controle, como por exemplo, que a atividade de dragagem polua muito mais do que esperava ou mate muito mais organismo do que se esperava ao ponto do que os pescadores não encontrarem o que pescar. Então eles têm que ser indenizados”, ressalta o pesquisador.

Paulo Mafalda

Para o desenvolvimento da pesquisa de Monitoramento da Comunidade Planctônica além da coordenação do professor Paulo Mafalda, o projeto conta ainda com uma doutoranda em Geologia, uma mestranda em Geoquímica, e três estudantes de graduação. Todos são bolsistas. “Esse projeto está muito bem financiado. É uma verba que envolve o custeio da contratação de embarcação, uma vez que as coletas são realizadas em embarcações, e o custeio de equipamentos básicos como lupa, microscópio e todo material de consumo básico para fazer a coleta”, diz o pesquisador.

A pesquisa tem previsão de término no segundo semestre de 2012.

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