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Atualizado em 25 DE agosto DE 2014 ás 13:11

Hospital das Clínicas é referência no tratamento de Hepatites Virais

O período de incubação dos vírus que causam a inflamação é extenso, que dificulta encontrar o fator causador da contaminação

VICTÓRIA LIBÓRIO - ASCOM/Complexo HUPES

O serviço de Gastro-Hepatologia oferecido pelo Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (Complexo HUPES) é referência no tratamento das Hepatites Virais no Estado da Bahia e pioneiro em algumas ações, como o mutirão de biopsia hepática. O Núcleo de Hepatologia do Complexo HUPES tem tradição de pesquisas clínicas em hepatites virais e participação em protocolos terapêuticos, estudos internacionais que validam novos medicamentos em hepatites virais.

Uma vez detectada a doença, a vigilância epidemiológico do Estado, ligada ao Sistema Único de Saúde (SUS), é notificada e há o rastreamento do caso. Os profissionais do serviço trabalham em parceria com a Organização não Governamental (ONG), Grupo Vontade de Viver (GVV), que dá apoio aos portadores de hepatite, composto por ex-pacientes voluntários, treinados e habilitados em dar apoio aos pacientes para o seguimento ao tratamento, orientações e aconselhamento. Os ambulatórios para atendimento das hepatites virais funcionam três vezes por semana, de terça-feira à quinta- feira, a partir das 13 horas. O agendamento é feito através do encaminhamento médico via central de regulação do SUS.

O grupo atua mediante plantões semanais, nas tardes de quarta-feira, fazendo palestras de sensibilização às Hepatites Virais, panfletagem e  compartilhando experiências e esclarecendo dúvidas. Segundo o presidente do GVV, Rômulo Corrêa, a equipe compartilha experiências e esclarece dúvidas, pois grande parte dos pacientes tem dificuldade em de expor suas dúvidas e de dizer ao médico o que não entendeu. “O nosso papel é preparar o paciente antes da consulta médica, informando o portador sobre a doença, a forma de transmissão e a importância de seguir as recomendações médicas com seriedade”, afirma Rômulo.

Hepatites Virais – As hepatites são inflamações no fígado que podem ser causadas por medicamentos, álcool, ou por vírus, chamadas de hepatites virais. São cinco vírus que provocam a doença: A, B, C, D e E, sendo que cada um deles causa uma doença diferente, com evoluções distintas.

No caso das hepatites A e E são transmitidas por água e alimentos contaminados com resíduo fecal humano. A hepatite A normalmente causa uma doença aguda, autolimitada, muitas vezes sem sintomas, ou seja, as pessoas não sabem que contraíram a doença e ficam curadas.  A hepatite E também segue o mesmo caminho da hepatite A, por outro lado ela pode ficar no organismo e quando o indivíduo tiver algum problema, como a baixa no sistema imunológico, ela pode retornar.

A hepatite B é uma doença mais de transmissão sexual, mas também pode ser transmitida através de material perfuro cortante contaminado. Já a hepatite C é transmitida mais por material perfuro cortante contaminado com sangue, ou secreções humanas. E a Hepatite D é uma doença que só acontece em pacientes que já tem hepatite B, porque o vírus da hepatite D é praticamente parasita deste último.

Incubação do vírus – O que chama a atenção nos vírus é o extenso período de incubação, em que muitas vezes o indivíduo que se contaminou não vai saber qual foi a possível fonte de contaminação. “Quando entramos em contato com qualquer agente infeccioso viral, existe o período de incubação, em que o vírus está no organismo e ele ainda não causou a doença”, explica o médico Raymundo Paraná, chefe do serviço de Gastro-Hepatologia.

Ele ainda indica que o período de incubação é variável nessas hepatites.  A hepatite A e E, que são transmitidas por alimentos ou água contaminada, demora de 15 a 45 dias para se manifestar. As hepatites C, B e D demoram mais, de 15 a 160 dias, para se manifestarem. “Fica difícil às vezes identificar o fator que gerou a contaminação do indivíduo, principalmente na hepatite B que é por contaminação sexual. O indivíduo pode variar de parceiro e não vai lembrar exatamente qual foi a relação sexual que causou a transmissão da doença”, lembra o Dr. Raymundo Paraná ao explicar a importância de sempre usar proteção.

Luta - Rômulo Corrêa descobriu estar infectado com a Hepatite C já na sua forma crônica e foram 22 anos de convivência. Durante este período passou por cinco tratamentos e um transplante de fígado, até que na quinta intervenção a doença foi curada. “Fui surpreendido por uma hemorragia digestiva alta. A partir disso, comecei constantes idas a médicos com realização de inúmeros exames, que acusaram o comprometimento do fígado. A essa época já estava com cirrose”, conta.

Era preciso investigar a causa da cirrose. Após o exame PCR-RNA realizado na Itália, já que ainda não havia essa tecnologia no Brasil, o vírus da Hepatite C foi detectado e confirmou a causa da cirrose. Os tratamentos consistiram em administração de medicamentos, localização de cistos malignos no fígado, transplante e nova terapia medicamentosa, até a cura. “Os tratamentos foram muito difíceis, com severos efeitos colaterais e quase não consegui chegar ao final de tão abatido e fraco que estava”, relata.

Corrêa declara que superou a situação e continuou a lutar contra a infecção porque encarava como um desafio e que nunca esteve sozinho durante o período. “Sempre recebi apoio da família, amigos e médicos, que me deram força e ânimo para enfrentar essa batalha”, diz. Segundo o presidente, o voluntariado para o GVV foi muito importante neste momento, já que os companheiros davam força e ele tinha contato com outras experiências, além de conhecer muitos profissionais da área de saúde que o incentivaram a prosseguir na busca da cura.

Corrêa ainda enfatiza a importância de o portador poder compartilhar dúvidas e anseios sobre a Hepatite. “Por termos vivenciado os vários processos inerentes a evolução da doença, nos tornamos bastante sensibilizados para um trabalho preventivo junto a sociedade”, indica.

Tratamento - Mas não é toda hepatite que deve ser tratada pela abordagem clínica. Paraná alerta que o tratamento só ocorre na versão crônica da doença, não na aguda.  A hepatite aguda é a manifestação inicial do vírus e o sistema imunológico atua diretamente na eliminação da doença. Se não consegue eliminar, o indivíduo fica assintomático, mas continua agredindo o fígado, por isso se chama crônica. Depois de três a seis meses que a doença não se resolveu, e o vírus continua se replicando dentro do organismo, ocorre a lesão no fígado. Depois de 20 a 40 anos pode se transformar numa cirrose ou câncer no órgão.

“O indivíduo quando desenvolve a doença, pode curar espontaneamente. Na hepatite A, ele sempre cura, porque ela não se torna crônica. Na Hepatite E ocorre a cura clínica, em que não há a necessidade de tratamento”, diz Paraná. Ele ainda aponta diferenças entre as outras versões da inflamação. “Na hepatite B o indivíduo pode resolver a infecção espontaneamente em seu próprio sistema imunológico em 90% das vezes, em 10% o vírus continua no organismo agredindo o fígado. Na hepatite C mais ou menos 50% dos indivíduos resolvem espontaneamente e a outra metade não resolve”, indica.

Dr. Paraná também fala do desenvolvimento no tratamento. “A Hepatite C está caminhando para outro tipo de tratamento, que é o interferon-free, medicamento que cura a doença com 8 a 12 semanas de uso e que vai chegar ao mercado brasileiro dentro de, no máximo, um ano”, indica o médico. Esse medicamento ativa o sistema imunológico do individuo para agredir o vírus e consegue lutar contra ele.

6 comentários para Hospital das Clínicas é referência no tratamento de Hepatites Virais

  1. TATIANA CAMPOS disse:

    Boa tarde. Sou estudante de biomedicina e tenho algumas duvídas com relação as chances de cura nas fases aguda e crônica. Gostaria de saber como faço p/ obter maiores informações sobre a doença e se posso participar dessa palestra que é oferecida, mesmo nao sendo paciente? Desde já, grata

  2. Eloise disse:

    Meu Pai esta com a doença em um grau bem avançado =/ Já foi feito biopsia, vários exames solicitação do remedio para tratamento, porém já faz tempo e ele não consegue receber o remedio!! Precisamos de AJUDA!

  3. Reonaldo Antonio disse:

    Boa tarde, eu sou o Reonaldo António falo daqui de Angola, gostaria que me enviassem os contactos deste hospital (Morada,telefones, emais etc), também quero saber quanto custa o tratamento para a Hepatite B nesta Hospital e quanto tempo dura o tratamento??.Agradeceria uma resposta com urgência

  4. Antônia Marques Rodrigues Filha disse:

    Boa tarde! Venho através deste solicitar urgencia no internamento do meu filho Tonival Marques Rodrigues desde da última Quinta-feira dia 28 ,pois o estado dele é crítico urgente por se tratar de um paciente com hepatite C sirroze hepática profunda em estado de acite ,com varizes no esôfago hérnia inginal pedra na vesícula etc.sei que a demanda é Grande mas tem casos e casos vocês sabe que surgi vagas e não chamam por que?esperar morrer em casa ne ?ou tá esperando eu tomar atitudes de ite pra os programas de televisão? Ele foi atendido no aliança por Dr.Raimundo Paraná E encaminhado pra Dra.Simone aí.

  5. Paulo Martins disse:

    gostaria de saber se posso pegar medicamentos para o meu tratamento da hepatite c ai no HC pois na minha cidade está em falta.

  6. Maria disse:

    muito obrigado pela informação

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