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Atualizado em 24 DE setembro DE 2014 ás 17:52

Herbário da UFBA será modernizado e ampliado

Acervo será tranferido para novo espaço e terá sua coleção de amostras disponibilizada em uma plataforma online

Emile Conceição*

Universidade Federal da Bahia (Ufba) possui um museu onde estão armazenadas amostras de plantas que foram coletadas no início do século 19, quando a família real veio para o Brasil. Este espaço é o Herbário Alexandre Leal Costa (ALCB), situado no Departamento de Botânica do Instituto de Biologia (IBIO).

Embora o espaço atual do Herbário ALCB seja muito pequeno e esteja com sua capacidade saturada, o que dificulta o recebimento de novas espécies vegetais, em breve o Instituto de Biologia receberá um prédio anexo. Neste, o andar térreo, com o dobro da área atual, abrigará todo o acervo do Herbário, além das salas de permanência do curador, secretaria e docentes vinculados a ele.

Amostra de Boraginaceae Cordia, disponível no Herbário (Foto: Emile Conceição)

De acordo com a curadora do Herbário, Nádia roque, futuramente, o local será novamente transferido para uma área ainda maior no Complexo de Museus da UFBA, prédio que será construído no espaço entre a Biblioteca Central e o Instituto de Biologia, hoje denominado Sistema Agroflorestal (SAF).

Intercâmbios - O Herbário ALCB tem focado suas atividades no aumento de seu acervo, através de coletas botânicas, principalmente no estado da Bahia, no apoio científico a pesquisadores nacionais e estrangeiros, docentes, alunos e a comunidade local. Associado à pesquisa acadêmica, as parcerias com herbários nacionais e internacionais para intercâmbio de amostras têm subsidiado e fortalecido ainda mais a inserção no cenário brasileiro. Essas parcerias são possíveis graças ao cadastro feito junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que concedeu, em 2009 ao ALCB, o título de Instituição Fiel Depositária de Amostras do Componente Genético.

Lenise Guedes, antiga curadora do Herbário (Foto: Emile Conceição)

Entre os acervos nacionais parceiros estão o Museu Botânico Municipal de Curitiba, o Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Herbário da Universidade de São Paulo, o Herbário do Trópico Semiárido/ Embrapa, entre outros.

Já entre os herbários internacionais, destacam-se o Herbário de la Universidad Nacional deI Nordeste, da Argentina, o Smithsonian Institution National Museum of Natural History e o New York Botanical Garden, ambos dos Estados Unidos.

Quando os recursos naturais são enviados para outros países surge a questão da biopirataria. Sobre esse assunto, Nádia Roque  explica que quando o acordo de intercâmbio é assinado por ambas as instituições, torna-se explícito que as amostras não podem ser utilizadas para estudos químicos, bioprospecção ou nada que envolva extração de recursos genéticos. “Os estudos feitos devem ser exclusivamente para fins taxonômicos ou sistemáticos e, caso seja extraído algum material, é o Brasil que tem a posse desse extrato”, complementa.

Segundo Roque, apesar da burocracia, é muito importante trocar amostras vegetais com outros herbários. “Os especialistas estão dispersos pelo Brasil ou pelo mundo e, ao enviarmos uma planta sobre a qual não temos informações, poderemos receber a identificação do espécime, enriquecendo o conhecimento da nossa flora, além de aumentar a valoração da coleção, transformando-a num acervo de referência para o estado ou pais”, diz.

Planos para o futuro - Além do espaço maior para o armazenamento das plantas, a professora Nádia Roque apresentou outros planos para o futuro do Herbário. Informatização, digitalização e disponibilização online de todo o acervo, são alguns deles. “Primeiro vamos informatizar, em seguida colocar códigos de barra nas amostras para facilitar o trabalho interno e, depois queremos digitalizar as imagens das plantas”, diz.

Hoje o ALCB tem em seu estoque 116.338 exsicatas, cujas amostras são plantas secas (ou fragmentos) costuradas em cartolinas, inseridas em armários de aço deslizantes e acondicionados em sala climatizada. Os espécimes são catalogados pelo sistema de classificação botânica Angiosperm Philogeny Group (APG III) e em ordem alfabética de família, gênero e espécie.

Nádia Roque, atual curadora do ALCB (Foto: Emile Conceição)

Diante da parceria profícua com o Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia – Herbário Virtual de Plantas e Fungos (INCT-HVFF), o banco de dados do Herbário ALCB está sendo disponibilizado online no sítio da rede SpeciesLink, projeto mantido pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA) com a finalidade de promover o livre acesso a informações sobre pesquisa e desenvolvimento científico.

“O grande impulso na informatização do acervo do ALCB se deu em 2012 com a aprovação do Projeto SiBBr do CNPq, no qual foram liberados, além dos recursos para custeio e capital, três bolsas de apoio técnico, que têm atuado basicamente na dinâmica e disponibilização online dos dados. São esses bolsistas que estão ajudando a informatizar o acervo”, informa a pesquisadora.

Esses resultados têm sido positivos graças ao apoio do renomado pesquisador da Oxford Forestry Institute,  Denis Filer, criador do Botanical Research and Herbarium Management System (Brahms), um  sistema de gerenciamento de bancos de dados voltado para informações de herbários.

A curadora revelou, ainda, uma notícia importe para o crescimento do Herbário. “Por termos sido a segunda instituição no Brasil a utilizar o seu programa, o Dr. Denis quer retribuir nos proporcionando uma homepage na internet, onde qualquer um poderá acessar nossa coleção, buscar informações sobre o acervo, fazer gráficos e, segundo ele, sem custos para a instituição”, finaliza.

*Graduanda do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba e Colaboradora da Agência de Notícias Ciência e Cultura da Ufba

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