Newsletter
Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
RSS Facebook Twitter Flickr
Atualizado em 19 DE outubro DE 2011 ás 00:36

Circuito Universidades aborda a pesquisa interdisciplinar

Abertura do evento aconteceu no auditório da reitoria da Ufba

Por Marília Moura*
marideologia@gmail.com

O Circuito Universidades, um dos quatro circuitos que integram a VIII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), teve início na última segunda-feira (17) no auditório da reitoria da Ufba. Na mesa de abertura, estiveram presentes a superintendente de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Liliane de Queiroz, e o Pró-Reitor de Pesquisa, Criação e Inovação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Marcelo Embiruçu, que representou a reitora Dora Leal, no evento. Na abertura do Circuito Universidades, Liliane destacou o caráter inovador dos Circuitos, algo inédito na programação da SNCT.

Pró-Reitor de Pesquisa, Criação e Inovação da Ufba, Marcelo Embiruçu (ao lado de Liliane de Queiroz), foi um dos integrantes da mesa

A “Pesquisa Interdisciplinar na Bahia” foi a primeira temática do Circuito Universidades, que promove até sexta-feira (21) palestras relacionadas a temas estratégicos ligados à ciência e tecnologia. A primeira palestra do Circuito foi mediada pelo doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Instituto de Biologia da Ufba, Charbel El-Hani e contou com a participação do doutor em Saúde Pública com Pós-doutorado em Política e Gestão Ambiental pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação da USP, Arlindo Philippi Júnior, e do Pró-Reitor de Pesquisa, Criação e Inovação da Ufba, Marcelo Embiruçú.

Professor Arlindo Philippi Jr falou sobre o crescimento da área interdisciplinar no Brasil

Na palestra “Caminhos da Interdisciplinaridade: instrumento para qualidade da pesquisa e pós-graduação?” o professor Arlindo Philippi Jr questionou se a interdisciplinaridade seria um instrumento para a qualidade da pesquisa e traçou um panorama da pesquisa no Brasil. Na visão do professor, a interdisciplinaridade “é a base para que a inovação surja” e colocá-la em prática pressupõe uma articulação entre as universidades e entre estas e outras instituições sociais, o que ele denomina de “interinstitucionalidade.”

Crescimento – Durante a palestra, Arlindo Philippi Jr apresentou dados que apontam para o progresso da pesquisa e o crescimento da área interdisciplinar no Brasil. Ele informou que atualmente o Brasil é o 13º país na publicação de artigos científicos, posição que o coloca, inclusive, à frente da França. Sobre cursos de pós-graduação, o professor ressaltou que existem cerca de quatro mil cursos de mestrado e doutorado no país, dos quais cerca de 400 integram a área interdisciplinar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que foi criada no ano 2000 e atualmente é a maior área da instituição. Após expor estes números, o professor afirmou que embora o país tenha alcançado um expressivo progresso quantitativo no campo da pesquisa, tal avanço não foi acompanhado em termos de qualidade.

Em relação à interdisciplinaridade, ele argumenta que as universidades precisam melhorar as relações com os setores empresarial, governamental e a sociedade civil e salienta que a estrutura departamental conservadora das instituições de ensino superior constitui uma dificuldade para implantar a concepção, o processo e o método interdisciplinar. Para concluir, Arlindo Philippi Jr destacou formas de indução da interdisciplinaridade, como a indução monetária realizada pela USP que investiu 70 milhões de reais em 42 programas de pesquisa e pós-graduação. Ele também chamou a atenção para o fato de que “discutir a interdisciplinaridade é algo fundamental para o momento atual da humanidade”, pois, segundo ele, temas complexos só podem ser pesquisados por meio de estudos interdisciplinares.

O segundo palestrante, Marcelo Embiruçú, pontuou a necessidade de ampliar a quantidade de cursos de pós-graduação no interior da Bahia e concordou com o professor Arlindo em relação à falta de articulação das universidades com os três setores. Ele citou os Bacharelados Interdisciplinares (BI’s) como um importante passo da Ufba em direção à interdisciplinaridade e ressaltou que: “Embora pareça algo novo, a interdisciplinaridade é praticada há muito tempo em outros países.”

Charbel El-Hani, mediador da mesa, ministrou a palestra “Epistemologia e Ethos da Interdisciplinaridade” e utilizou as virtudes epistêmicas (verdade, objetividade e julgamento treinado) para questionar quais seriam as características que a interdisciplinaridade deve ter para ser reconhecida enquanto conhecimento e qual o perfil do pesquisador interdisciplinar.  Algumas das características apontadas pelo professor foram: o conhecimento profundo em, pelo menos, uma área do conhecimento, a maturidade profissional e a necessidade de mergulhar nas práticas desse outro campo, com o qual o pesquisador pretende dialogar.

Outros fatores citados foram a relevância de saber trabalhar em equipe e a superação da lacuna entre pesquisa e prática. “Os pesquisadores não são os avatares da alienação”, brincou, ressaltando que o conhecimento não é produzido e em seguida é diretamente colocado em prática na sociedade “não funciona assim”, destacou o professor Charbel El-Hani. Segundo ele, para superar essa lacuna seria necessário pensar a disseminação de conhecimento em redes de colaboração. Por fim, assim como o professor Arlindo Philippi Jr, ele afirmou que devido à estrutura departamental, a própria universidade, às vezes, é um entrave para a interdisciplinaridade e destacou a existência de uma Câmara de Assessoramento Interdisciplinar na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) como uma importante medida para incentivar a pesquisa interdisciplinar no estado.

O Circuito Universidades promove palestras com especialistas até a sexta-feira (21) mais informações sobre a programação da VIII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia estão disponíveis na página da Secti.

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *