A AGN esteve presente no evento que contou com representantes do Bate Folha e líderes partidários da câmara.
Ricardo Barreto
Na última quarta (5), ocorreu a Sessão Especial pelo Centenário de Nengua Guanguacesse – Dona Olga Conceição Cruz, matriarca do Bate Folha, na Câmara Municipal de Salvador. A solenidade foi proposta e conduzida pela vereadora Marta Rodrigues (PT) e teve como foco reconhecer a dedicação, conhecimento e sabedoria de Nengua, que completaria 100 anos em 17 de março de 2025. A Agência de Notícias esteve presente para acompanhar o evento.
Cristiano Marcio de Jesus Santana, filho do terreiro Bate Folha, iniciado em 2004 aos 17 anos, falou um pouco sobre Mãe Olga e o legado por ela deixado: “A primeira coisa que me vem à cabeça é o reconhecimento. O reconhecimento dos filhos, o reconhecimento da casa. Para uma pessoa que praticamente viveu 100 anos dentro de um terreiro de candomblé, se dedicou praticamente sua vida toda e deixa um legado enorme de conhecimento e de sabedoria. Até como psicóloga ela foi para a gente. Tinha muitos ensinamento”, explica.
O evento contou com diversos integrantes do terreiro Bate Folha, dentre eles Cícero Rodrigues Franco Lima, conhecido como Tata Muguanxi, Tata/pai do terreiro Bate Folha desde 2006/2007, que também conduziu a solenidade junto com a vereadora Marta. A sessão também contou com manifestações musicais e vídeos relembrando a vida de Mãe Olga.
A respeito da homenagem e também sobre o documentário feito em 2016 ‘Bate Folha, Banduquenqué’, realizado pela Agência de Comunicação e Cultura da UFBA (AECC-UFBA), Tata Muguanxi afirma: “É guardar, é você manter essa história viva. É você ter como passar para essas pessoas, não só eu contando, falando. Você tem como mostrar para as pessoas que virem e até para o futuro, daqui a dez, vinte ou trinta anos, esse registro do como era o Bate Folha, e poder fazer uma comparação de como estava a época.”
O documentário, feito em celebração dos 100 anos do terreiro, contou com a participação de Carla Nogueira, ex-agenciadora da AECC e doutora em Cultura e Sociedade pelo Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade da UFBA, que teve como base para sua tese o protagonismo de Nengua Guanguacesse dentro do terreiro no processo de preservação das práticas e tradições do candomblé da nação Congo-Angola.
“O Candomblé para mim é minha existência, eu não me vejo, eu não me percebo fora dele. E no doutorado eu falei sobre o Bate Folha, o centenário do Bate Folha. E agora no pós doutorado eu trago também o centenário de Nengua Guanguacesse. Então tá tudo tão intrincado, tudo tão relacionado que só me faz agradecer e seguir firme nesse compromisso”, explica Carla.