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Atualizado em 29 DE março DE 2021 ás 13:32

Baiana premiada em festival internacional da Inglaterra

Obra retrata a experiência da cineasta indígena Patrícia Ferreira Yxapy em Nova Iorque

DA REDAÇÃO
cienciaecultura.ufba@gmail.com

Nova Iorque, mais uma cidade, curta-documentário, co-dirigido pela jornalista e cineasta baiana Joana Brandão Tavares, foi premiado como melhor obra da categoria do festival internacional do Royal Anthropological Institute, da Inglaterra, um dos mais importantes festivais de cinema etnográfico do mundo, realizado no último sábado, 27.

Cineasta brasileira Patrícia Ferreira Yxapy em Nova Iorque / Imagem: divulgação

O curta-documentário, 18 minutos, foi gravado em 2018 quando a cineasta realizava período de doutorado sanduíche nos Estados Unidos, e retrata a experiência da cineasta indígena brasileira Patrícia Ferreira Yxapy em Nova Iorque. Patrícia, que é mbya guarani, foi para Nova Iorque para participar de outro importante festival internacional de cinema, o Margaret Mead Film Festival, e durante alguns dias passeou pela cidade de Nova Iorque, tendo suas impressões e sentimentos registrados por Joana Brandão e André Lopes, antropólogo e cineasta paulista, que co-dirige o filme. As contradições da sociedade não-indígena, inclusive de seus museus e narrativas sobre os indígenas, vão sendo aos poucos expostas pelas palavras de Patrícia, e pelo seu olhar tranquilo e sóbrio dela sobre as paisagens de Nova Iorque, que é captado pelos cineastas.

De acordo com Joana Brandão, as motivações para fazer o filme se deu pela importância de registrar o olhar da cineasta. “Percebemos que era importante registrar este olhar de Patrícia, uma cineasta e liderança do povo mbya guarani no sul do Brasil, sobre a cidade de Nova Iorque e sobre o Museu de História Natural, que tem toda uma seção voltada para povos indígenas da América do Sul, inclusive uma seção para povos da Amazônia. Consideramos importante registrar este olhar dela sobre a forma violenta com que a sociedade não-indígena lida com os povos originários, forma esta que é validada por instituições renomadas”.

Diretora premiada Joana Brandão / Imagem: divulgação

A relação do filme com a própria história da cidade de Nova Iorque também é mencionada por Brandão como uma identidade da obra: “Nova Iorque é uma cidade em que tudo e todo mundo funciona a mil por hora. É um símbolo do capitalismo global e todas suas contradições. Morar lá é uma oportunidade de compreender o que significa o modo de vista capitalista em sua máxima potência. O filme traz um pouco isso. A própria cidade surgiu a partir do espólio das terras dos povos indígenas Lenape, que foram levados a vender o que abrange a região que conhecemos como Manhattan, pelo valor irrisório de 60 florins, calculados em cerca de mil e pouco dólares nos dias de hoje. Acho que por revelar estas contradições da história do próprio Estados Unidos que o filme tem sido bem recebido lá fora”.

Diretor André Lopes / Imagem: divulgação

O festival de cinema etnográfico do Royal Anthropological Institute (RAI) é um dos maiores e mais importantes do mundo, tendo recebido em 2020 inscrições de filmes de 75 países. Nova Iorque, mais uma cidade ganhou também menção honrosa no festival Best Shorts, da Califórnia (EUA), em abril de 2020.

A obra foi realizada durante o período de doutorado no exterior em que a cineasta permaneceu como pesquisadora visitante no Departamento de Antropologia da Universidade de Nova Iorque. Joana, que é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM), na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), recebeu bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para o período no exterior, e realizou o filme com o apoio do Centro de Mídia, Cultura e História, sob coordenação da renomada pesquisadora e professora Faye Ginsburg, da Universidade de Nova Iorque.

“Nova Iorque, mais uma cidade” foi também selecionado em festivais brasileiros como a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental e 4a. Mostra Lugar da Mulher é No Cinema. Quer assistir? O filme está sendo exibido até quarta-feira (31/03) na Mostra Amotara – Olhares das Mulheres Indígenas e no Festival Cinekurumin.

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