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Atualizado em 13 DE setembro DE 2011 ás 14:27

Plástico e meio ambiente uma relação possível?

Características como: durabilidade, resistência e leveza, além de sua utilização em vários setores da economia, tornam o plástico economicamente viável, mas ainda nocivo ao meio ambiente

Rita de Cássia Machado*
rita.machado@fieb.org.br

O Senai Cimatec–BA é uma instituição que atua na área de educação e tecnologia, forma e qualifica profissionais para a indústria, prestação de serviços especializados e promoção da pesquisa aplicada, entre outros serviços. O doutor em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos, Wagner Pachekoski, pesquisador do Senai Cimatec, vem desenvolvendo pesquisas na área de polímeros e principalmente os biodegradáveis.

Os plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros, uma substância derivada do petróleo de alta massa molar, que consiste em moléculas caracterizadas pela repetição de um ou mais tipos de monômeros (ABNT, 2008), não são renováveis, feito de uma resina chamada Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) e são produzidos através de um processo químico chamado polimerização.

Segundo Wagner Pachekoski, os plásticos podem substituir outros materiais como aço, madeira, papel e cerâmica, por ter conseguido alcançar algumas características como a durabilidade, resistência e leveza. Podem ser utilizados em vários setores da economia, como: construção civil, agrícola, de calçados, móveis, alimentos, têxtil, lazer, telecomunicações, eletroeletrônicos, automobilísticos, médico-hospitalar e distribuição de energia.

Essa substituição foi benéfica tanto para a produção, quanto para locomoção e custo de toda a produção e proporcionou uma economia significativa para a Indústria. Sendo cada vez mais crescente a sua utilização no setor de embalagens para alimentos e bebidas, suas características de: transparência, resistência, leveza são excelentes para esta função.

Mas a sua produção é ambientalmente nociva principalmente pelo elevado número de sacos produzidos ao ano (cerca de 150t por pessoa) e por não ser biodegradável o plástico pode causar grandes danos ao meio ambiente. Este é um material difícil de compactar e gera um grande volume de lixo onde passa a ocupar muito espaço no meio ambiente dificultando assim a decomposição de outros materiais orgânicos. É resistente aos fungos e as bactérias e por este motivo tem uma degradação muito lenta. Quando colocado em contato direto com o meio ambiente demora aproximadamente 100 mil anos para se decompor, a partir daí os problemas em descartar o plástico começam a surgir.

Calcula-se que cerca de 90%[1] dos sacos de plástico acabam indo para o lixo. Por serem materiais extremamente leves têm facilidade de espalhar-se no meio ambiente e também ocasionar a poluição nos rios e oceanos. Muitos animais marinhos como: baleia, golfinhos, tartarugas e até mesmo as aves marinhas confundem o plastico com alimentos naturais e ao ingerir este material acabam morrendo asfixiados

O destino desordenado do plástico causa sérios problemas ao meio ambiente. Além de poluir o solo e a água existe outro problema causado pelo plástico no meio ambiente, quando jogados no mar, representa perigo principalmente para os animais marinhos, estes animais não conseguem diferenciar esse tipo material de seu alimento natural e acabam ingerindo o plástico pensando ser algas ou água vivas.

Plástico jogado no mar confunde animais marinhos que se alimentam de algas ou água vivas

Como resolver este problema?

Os problemas ocasionados pelos resíduos sólidos é um assunto de interesse mundial. Entre eles destaca-se o plástico, podemos observar que a sociedade vem a cada dia tentando reduzir a quantidade de embalagens descartadas em aterros sanitários e em outros locais impróprios a este fim.

Algumas pesquisas foram desenvolvidas para tentar resolver os problemas causados pelo descarte inadequado do plástico. As alternativas para resolver este tipo de problema e valorizar o uso do plástico estão tanto na recuperação do material por meio da reciclagem mecânica, química, biológica ou orgânica, quanto na recuperação energética.

O pesquisador relata que com o crescente interesse na biodegradabilidade torna-se necessário desenvolver componentes plásticos que devem biodegradar satisfatoriamente sob condições de compostagem, ou seja, que pudesse se degradar mais rápido sem reduzir as qualidades do plástico convencional e que fosse benéfico para a natureza.

Pachekoski explica que para isso acontecer seria necessário identificar os componentes químicos que adicionados aos componentes já utilizados para fazer o plástico convencional pudessem possibilitar a biodegradação em menor tempo possível. A degradação do polímero é causada quando há uma alteração na sua estrutura química, que leva uma perda irreversível das propriedades de uso do material, já a biodegradação é a degradação causada por atividade biológica de ocorrência natural por ação enzimática

A norma da ABNT 15448 considera que para o plástico ser considerado como biodegradável, a sua decomposição quando em contato com o meio ambiente tem que ser em um período máximo de seis meses.

O produto e suas possibilidades de uso

O plástico biodegradável pode ser utilizado para a fabricação de diversos produtos, mas o mais adequado são os produtos descartáveis, como por exemplo: sacolas de mercado, copos, pratos, talheres, embalagens de alimentos, filmes PVC, garrafas pet, etc.

Não são recomendados para fabricação de produtos de longa durabilidade, com o passar do tempo estes materiais podem perder algumas propriedades e reduzir o tempo de vida útil do objeto como por ex: (peças de automóveis, de móveis e eletrodomésticos, etc.)

A indústria brasileira já fabrica alguns produtos biodegradáveis sendo estes: sacolas plásticas, sacolas para coletar coco de cachorro, fraldas descartáveis, produção de fármacos, entre outros. O selo de certificação é emitido apenas por empresas internacionais que garante a biodegrabilidade do polímero.

O processo de biodegradação feito por meio da compostagem é a revalorização dos resíduos orgânicos via biodegradação controlada e visa à produção de composto orgânico ou húmus.

Wagner Pachekoski explica que não é recomendável a reciclagem deste tipo de produto, porque este procedimento reduz as propriedades do plástico e desta maneira não terá um resultado satisfatório. O biodegradável serve de adubo, sendo assim, é totalmente recomendada sua utilização na compostagem, mas para isso é necessário triturá-lo para facilitar e agilizar a sua decomposição, desta maneira o plástico que é o grande vilão da poluição do solo e da água se torna um grande aliado à natureza por servir de adubo e fertilizando o solo.

*Bibliotecária no Senai Cimatec-BA e estudante do Curso de Jornalismo Científico e Tecnológico da Ufba

Saiba mais

[1] Disponível em: Wikipédia, Saco de Plástico.

7 comentários para Plástico e meio ambiente uma relação possível?

  1. Adriana Santos disse:

    Adorei o texto.SUCESSO sempre!

  2. Lílian Guarieiro disse:

    Parabéns pela matéria!
    Muito interessante a matéria e faz mostrar a competência e diversidade de linhas de pesquisas que o SENAI-CIMATEC vêm atuando.

  3. larissa gabriel disse:

    masssssssa esse texto

  4. Pingback: Prós e contras do plástico para o meio ambiente / Limpa Brasil

  5. Erick disse:

    Muito bom o texto e me ajudou bastante em uma pesquisa escolar! Parabéns!

  6. Juan Ignacio disse:

    La nota es interesante, lo que no dice es que los plasticos actuales que compostan son echos en base a almidones, que sucede, esto requiere el uso de cultivos. Cuando un cultivo es destinado a producir alimento, pero tambien se transforma en una materia prima para producir una bolsa, sobre este producto existirá una presión de demanda que hará subir su precio. Consecuencia?. Pues subirá el valor de los alimentos. El desafío es lograr un plástico sintético que biodegrade y composte en 6 meses. Esto ya está a punto de lograrse.

  7. Juan Ignacio disse:

    O problema não fala que o plastico compostavel utiliza materias primas alimentarias no processo de fabricação. Utilizar isto para produzir sacolas é tirar alimentos para ter um saquinho. O artigo é informativo mais não é critico.

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