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Atualizado em 19 DE maio DE 2011 ás 13:21

Compreendendo o Aquecimento Global no cotidiano

Produção mais limpa, como a conservação, a reciclagem e o reuso podem ser soluçoes eficientes para combater o aquecimento global

Emerson Andrade Sales*
eas@ufba.br

Vive-se hoje uma crise ambiental sem precedentes, conforme indicam várias séries de dados históricos baseados em estudos paleoclimáticos[1] (estudo do clima no passado, anterior ao período de medições por instrumentos, usando análises químicas do ar retido no gelo, ou glacioquímica).

As relações do crescente aquecimento global com as intervenções humanas nos ecossistemas estão exaustiva e cabalmente demonstradas pela comunidade científica nacional e internacional, mas grande parte da humanidade ainda vive alheia a este fato tão grave, muitas vezes por falta de acesso às informações, outras por achar-se impotente diante de um problema tão amplo. A dificuldade da sociedade de refletir sobre si mesma faz com que esta não veja a ligação entre o modo de vida dominante e a degradação contínua do meio ambiente natural.

A maneira como se vive na maior parte do planeta causa grandes impactos ambientais ao mesmo, e, conseqüentemente a todas as espécies vivas, inclusive a própria espécie humana, maior responsável pelo desequilíbrio observado. Todos os ecossistemas têm capacidade de reagir, no sentido de restaurar as suas condições de equilíbrio, quando sofrem ações ou agressões, mas esta reação leva certo tempo para ocorrer, o qual por sua vez depende da natureza e da intensidade da agressão.

No caso do planeta Terra, os impactos causados pelo ser humano já ultrapassam, há vários anos, a sua capacidade de recuperação, chamada bio-capacidade. Em outras palavras, vive-se hoje uma situação insustentável, que tende a se agravar caso medidas drásticas e urgentes não sejam tomadas por todos. Torna-se essencial o amplo debate sobre estas questões, pois o conhecimento de qualquer problema é essencial para que alguma mudança seja possível. Além disso, um problema dessa magnitude exige inúmeras (e múltiplas) ações de cada cidadão consciente para ser superado.

O Aquecimento Global

Para entender o aquecimento global, precisa-se entender um fenômeno natural chamado efeito estufa: o planeta Terra recebe uma quantidade imensa de energia, vinda quase exclusivamente do sol; é tão grande essa quantidade, que em pouco mais de uma hora ela equivale a toda energia que a humanidade usa atualmente em um ano[2].

O planeta absorve, reflete, difunde e re-irradia esta energia solar incidente, e a descrição desse processo é complexa e não é objetivo deste texto. Entre o momento em que é absorvida como radiação de ondas curtas e o momento em que é devolvida ao espaço corno radiação de ondas longas, a energia aquece a superfície terrestre, a atmosfera, participa de todos os ciclos vitais e propulsiona a circulação do ar e da água no ciclo hidrológico do planeta, influenciando todo o seu sistema climático.

O vapor d’água e o gás carbônico contidos na atmosfera absorvem uma parte da radiação solar de ondas curtas, e absorvem grande parte das radiações de ondas longas emitidas pela Terra. Esses gases, dentre outros que compõem a atmosfera, re-emitem esta radiação de modo que uma parte da energia perdida pela superfície (terra e mar) lhe é devolvida. Assim, a superfície terrestre recebe energia tanto do sol, quanto da própria atmosfera. A atmosfera funciona então como um manto invisível que protege a superfície terrestre mantendo-a aquecida, retendo e devolvendo parte da energia que flui da superfície.

Este fenômeno natural, de retenção do calor pela atmosfera é chamado de efeito estufa[3], e, por ser essencial para a estabilidade térmica, é importante para a manutenção das inúmeras espécies vegetais e animais que se desenvolveram no planeta Terra. Caso ele não existisse, a temperatura média do planeta seria negativa, estimada em torno de -17°C, ou seja, cerca de 31°C abaixo da média atual, que é aproximadamente 14°C.

Porém, devido ao acúmulo de vários gases poluentes na atmosfera, emitidos durante a geração de energia a partir de fontes fósseis, atividade industrial, transporte, ao agronegócio, e várias outras atividades humanas que não deram a devida importância ao ambiente natural e às interdependências de todas as formas de vida, este efeito estufa vem aumentando continuamente, e por isso causando a elevação da temperatura média do planeta, ou seja, o Aquecimento Global.

O problema torna-se cada dia mais grave porque de um lado existe um sistema econômico baseado na produção ininterrupta de bens, e de outro lado está o ambiente natural, encarado como um simples fornecedor de insumos, que ao ser devastado perde a cada dia a sua bio-capacidade, ou seja, a capacidade de restauração da saúde dos vários ecossistemas interdependentes.

Em outras palavras, a atividade humana descontrolada de um lado aumenta incessantemente a geração de emissões, efluentes, resíduos, agredindo e contaminando cada vez mais o ambiente, o qual pelo mesmo motivo perde sua capacidade de reação. No caso específico das emissões gasosas, ao mesmo tempo em que se aumentam sem cessar as emissões, como as de CO2, N2O e metano, perdem-se florestas, e danificam-se outros ecossistemas que poderiam contribuir para a redução do teor destes mesmos gases na atmosfera. Com isso, a temperatura média do planeta continuará a subir, podendo atingir em poucos anos níveis insustentáveis para a manutenção de inúmeras espécies, sobretudo a espécie humana.

Algumas causas do problema

Escolha mal sucedida das fontes de energia para manutenção da sociedade industrial, pois foi (e ainda é cerca de 90%) baseada em combustíveis fósseis, não renováveis, que desequilibram o ciclo de carbono do planeta, aumentando o teor de gases de efeito estufa na atmosfera, causando o aquecimento global. Torna-se imperativa uma revolução global em relação ao suprimento e uso de energia: EFICIÊNCIA energética está no cerne desta mudança

Relação LINEAR (equivocada): extração-transformação-descarte, enquanto que a natureza funciona em CICLOS. Isso causou o colapso de ecossistemas, com contaminação, perda da biodiversidade, extinção de espécies, e conseqüentemente perda da bio-capacidade do planeta como um todo, pois todos os ecossistemas são integrados. Em 2008 o planeta operou “no negativo”, pois sua bio-capacidade total foi cerca de 27% inferior ao impacto total dos cerca de 6,5 bilhões de habitantes do planeta[4].

Consumo exacerbado por uma parte da população, muito acima do racional, o que causa uma pressão insustentável sobre os ecossistemas; uma parcela minoritária da população tem um padrão de consumo tão alto, e irracional, que se fosse estendido a toda a população, seriam necessários cerca de cinco ou mais planetas terra para atender esta demanda absurda[5], que não corresponde ao atendimento do real bem estar e desenvolvimento humano, e sim a padrões estereotipados, artificiais, muitas vezes fúteis, supérfluos, que atendem apenas aos interesses comerciais das corporações[6].

Consequências do problema

Caso medidas drásticas não sejam tomadas para controlar o aquecimento global, o planeta enfrentará tempos muito difíceis, conforme as previsões feitas a partir de dados divulgados em vários relatórios científicos recentes. Furacões, secas e inundações vão ficar mais intensos e freqüentes. A temperatura do planeta pode aumentar mais que 2ºC em relação à temperatura do início da Era Industrial, com alto risco de extinção em massa de espécies, colapso dos ecossistemas, falta de alimentos, escassez de água e grandes prejuízos econômicos.

O ritmo do aquecimento neste século será muito superior ao do século 20 e poderá alcançar valores sem precedentes nos últimos 10 mil anos. Haverá um aumento dos dias quentes e das ondas de calor em quase toda a superfície terrestre.

O derretimento das geleiras está prosseguindo no século 21. Esse degelo, junto com a expansão térmica da água, poderá elevar o nível do mar em quase um metro até 2100. No Brasil, essa elevação do nível do mar vai alterar completamente as zonas costeiras, com grande impacto econômico nas principais cidades litorâneas, em seus portos, ruas, calçadões e no colapso de sistemas de esgoto.

O derretimento contínuo dos dois pólos está causando uma redução proporcional na circulação das correntes termo-halinas dos oceanos, que são responsáveis pelo transporte de grande parte da energia térmica recebida do sol, a qual chega com maior intensidade na região central do planeta (equatorial). Esta circulação é também muito importante para o equilíbrio hídrico da atmosfera (controle da evaporação e transporte de água pelo ar) e a contínua perda destas correntes está causando um desequilíbrio destes ciclos hídricos, ou seja, grandes alterações nos regimes de secas e chuvas.

Vários setores econômicos terão que se adaptar à maior freqüência de episódios de chuvas intensas, como o de construções de barragens e grandes obras de engenharia. Vai aumentar ainda a freqüência de tempestades intensas, podendo ocorrer ciclones e furacões na costa brasileira, com aumento de deslizamentos de terra em encostas, enchentes e inundações. As comunidades mais pobres serão as mais atingidas.

A destruição da Amazônia pelo avanço da fronteira agrícola e da exploração predatória de madeira altera o clima regional e contribui muito para o aquecimento global. A floresta está ficando mais seca e poderá ser substituída por um cerrado mais pobre em biodiversidade. A umidade formada sobre a floresta, que certamente irá diminuir, afeta não só a região, mas todo o regime de chuvas do centro-sul da América do Sul.

A caatinga poderá se transformar em um deserto, e o semi-árido se tornará uma zona árida. Com o aquecimento global, como foi dito acima, a perda contínua de circulação térmica da região equatorial para os pólos, aumenta a retenção de calor nestas regiões equatoriais, e a evaporação aumenta, diminuindo a disponibilidade de água. Este fenômeno está causando o desaparecimento de reservatórios naturais (lagos, açudes), alguns de grande porte, como está ocorrendo na África. A migração para os centros urbanos vai aumentar, agravando ainda mais os problemas sociais.

Algumas regiões sofrerão cada vez mais com a seca, dificultando ou impedindo a agricultura, ao mesmo tempo em que outras regiões serão atingidas por chuvas torrenciais, devido às grandes alterações no ciclo hídrico, causadas pelo aquecimento global, pois a grande evaporação em uma área implica numa grande precipitação em outra, às vezes próxima. Isto provocará cada vez mais enchentes e alagamentos de grande porte, sobretudo nas grandes cidades, as quais têm alta superfície impermeabilizada, com graves impactos para a população e o meio ambiente.

Estas Mudanças Ambientais Globais estão ocorrendo e não podem ser separadas de questões de desenvolvimento; elas não se resumem às mudanças climáticas, pois causam também mudanças sócio-econômicas e biofísicas. Encontramo-nos numa situação de dupla degradação: ecológica e social.[7]

Um futuro possível

O desafio do desenvolvimento sustentável está colocado, onde fica clara a necessidade de repensar as relações de interdependência território / população / produção, partindo-se do princípio segundo o qual a espécie humana, como qualquer outra, carrega em si mesma o instinto de sobrevivência. Talvez o que esteja faltando seja a conscientização da gravidade do problema, a clareza sobre as escolhas que estamos fazendo, e em seguida, o conhecimento sobre ações que estão sendo realizadas em todo o planeta, na direção de um futuro possível, sustentável, pois a conscientização por si só não resolve o problema; precisa-se de ações, de exemplos, para se conseguir uma mudança comportamental, sobretudo na escala necessária, ou seja, planetária.

Um destes exemplos é a Produção Limpa, que busca a máxima produtividade dos recursos, reduzindo a demanda de materiais e energia. Ela aborda uma modificação na forma de pensar todo processo produtivo, dirigindo esforços para a fonte geradora dos resíduos, em substituição ao controle da poluição. Ela considera absolutamente finitos todos os recursos naturais, e todas as ações antrópicas devem ser analisadas com uma visão sistêmica, na qual todos os ciclos vitais do planeta, e das espécies que o habitam devem ser contemplados e respeitados.

A crise ambiental do planeta torna imperativa também a mudança de hábitos individuais enraizados. O consumo por impulso, estimulado todo o tempo pela lógica capitalista dominante, está contribuindo incontestavelmente para a destruição do planeta. Em oposição a esta postura, consumir conscientemente significa atentar para os efeitos que este ato acarreta ao meio ambiente, aos trabalhadores e a toda a humanidade[8], e este ato individual multiplicado por toda a população terrestre poderá ser a chave da sua sustentabilidade.

Sugestões para a mudança

Antes de tudo, torna-se necessária uma mudança do modo de vida: dar pequenos passos todos os dias na busca da sustentabilidade; simplificar o cotidiano; reduzir as necessidades ao essencial para o verdadeiro bem estar, evitando o consumo desnecessário, e reduzindo assim o impacto de cada um sobre o planeta.

Deve-se estimular a racionalização do uso de recursos naturais, sobretudo água, e insumos gerados a partir de fontes naturais, como energia elétrica, papel, combustíveis e materiais de consumo em geral. Devem ser estimuladas reflexões e práticas de consumo sustentável e respeito ao meio ambiente, em sintonia com as necessidades atuais do planeta.

Para atingir este objetivo podem ser utilizadas algumas ferramentas da Produção Mais Limpa, como a conservação, a reciclagem e o reuso. A conservação diz respeito ao combate ao desperdício, tão comum na nossa sociedade, e mais ainda em empresas e órgãos públicos; a reciclagem, a ser efetuada após a redução do consumo, envolve a segregação para posterior tratamento e reutilização, e isso hoje em dia é fácil quando se trata de materiais de consumo, desde que alguém tome a iniciativa; já o reuso envolve estudos específicos para cada caso, pois a meta é reutilizar os materiais sem tratamento, ou com o mínimo possível de tratamento, para viabilizar economicamente e energeticamente essa prática. Além das questões técnicas, todas estas práticas envolvem uma logística, que necessita ser incorporada por todos, o que exige um árduo trabalho de conscientização (e exemplo).

Dados mostram que alguns órgãos ou empresas que já se lançaram nesta meta obtiveram ganhos financeiros expressivos, que ficaram disponíveis para incentivo ao próprio programa de racionalização, ou para outras ações que não estavam sendo implementadas por falta de recursos, e no final, o planeta agradece pela iniciativa…

Em resumo, precisa-se desenvolver uma economia circular e positiva, que contemple simultaneamente a redução das necessidades, o aumento da eficiência, a substituição dos recursos finitos por fontes renováveis e a restauração da capacidade do ecossistema terrestre.[9]

O planeta está exigindo um novo ser humano, mais participante, atento e solidário, que consiga desfrutar de todo o progresso que conquistou, mas causando menos impacto ao sistema Terra. Sabe-se que o planeta tem seus ciclos naturais, e nunca se pode garantir a continuidade de nenhuma espécie, mas pode-se ter a responsabilidade de evitar que fatores antrópicos continuem a interferir tanto no equilíbrio deste planeta, e precipitem o fim das várias espécies, inclusive a própria espécie humana.

A conjunção de vários fatores naturais trouxe a humanidade até este período holoceno, cujas características, sobretudo climáticas, permitiram o desenvolvimento da agricultura, a formação das primeiras cidades e nações, e o fantástico desenvolvimento das civilizações; agora, consciente de que as perturbações causadas pela espécie humana crescem a taxas quase-exponenciais, e, que, segundo os dados científicos, a Terra está operando num estado sem análogos por cerca de um milhão de anos, o homem é convidado a repensar seu modo de vida, e sua relação com o meio ambiente.

Esta crise exige uma profunda discussão filosófica, uma reavaliação sobre o sentido da existência, o significado de progresso e quais são as verdadeiras riquezas da humanidade.


* Professor de físico-química da Universidade Federal da Bahia e coordenador do Programa Ufba Ecológica

[1] Armando H. Tanimoto e colaboradores – Estudos Paleoclimáticos e sua contribuição para a compreensão do sistema climático da Terra – UnB / CDS, 2007
[2] Nielsen, R. 2005, ‘Solar Radiation’, http://home.iprimus.com.au/nielsens/
[3] Este fenômeno é parecido com o que se observa ao parar um veículo sob o sol, sendo que os vidros do veículo realizam o mesmo papel que certos gases da atmosfera.
[4] WWF Brasil – Índice Planeta Vivo 2008
[5] Questionário pegada ecológica – disponível em: www.ufbaecologica.ufba.br
[6] “The Story of Stuff” Annie Leonard, disponível em: www.youtube.com
[7] Laurence Baranski et Jacques Robin, “L’Urgence de la Métamorphose” 2007
[8] Dra. Débora Nunes, PICC – Unifacs
[9] Maximilien Rouer et Anne Gouyon, “Réparer la Planète”, J C Lattès, 2007

3 comentários para Compreendendo o Aquecimento Global no cotidiano

  1. As pesquisas mostram – a que fizemos na região da Grande Vitória (ES) é um exemplo – que a sociedade se “diz conscientizada para a causa das Mudanças Climáticas”, mas ao ser questioanda em relação “a como pode contribuir para a causa” não mostra a mesma segurança. Portanto, o desafio da efetiva conscvientização (plena conscientização) ainda é uma meta a ser assegurada. E o qeu nos parece pior, este aspecto – plena conscientização – não consta dos programas oficiais do Poder Público.

    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
    Grupo sem fins lucrativos
    roosevelt@ebrnet.com.br

  2. O artigo do professor Emerson é rico em informações para a necessára e urgente mudança de hábitos que os ciclos da Terra, do Universo, estão a nos exigir na perspectiva máxima de vida em torno dos 80,90, quem dera 100 anos.
    Adaptação, cuidado, prevenção, consumo harmonioso com Cadeias Produtivas Sustentáveis de Ponta Ponta. Idéias que precisam revolucionar a Vida, em perigo. Essa sintonia exige comportamentos, que a Indústria, por exemplo, insiste em mostrar desconexão. Assim a vida fica breve e um fardo, pra se carregar.
    Liliana Peixinho – Jornalista, ativista, fundadora do Movimento AMA- Preserve a Vida

  3. Marcio disse:

    Não há nenhuma evidência científica sobre o aquecimento global! Tudo isso não passa de baboseiras inventadas pelo 1º mundo para continuar a explorar os países em desenvolvimento! Não deem ouvidos a essa besteira! A verdade é que o Sol ( fonte the vida) está na metade de sua vida e continuará “queimando” por mais 4,5 bilhões de anos, só depois disso é que não haverá mais vida em nosso planeta!
    Os polos gelados passam por ciclos de degelo e resfriamento , inclusive estamos em pleno ciclo de resfriamento com aumento de gelo nos polos! Não se deixe enganar por falsos cientistas contratados para espalhar o panico nas populações com o intuito de que o 3 mundo continue a ser explorado!

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