Alice Kimie, líder do grupo, contou sobre sua experiência com o grupo de dança sendo uma Nikkei, descendente de japoneses fora do Japão, e sua conexão com Salvador
Uelton Fael
A cultura japonesa vive fora do Japão e está se espalhando por Salvador. Em entrevista com a Agência de Notícias (AGN), a líder do grupo Hanabi, Alice Kimie, contou um pouco da criação da equipe e explicou um pouco de sua conexão com a cultura japonesa sendo uma Nikkei, descendente de japoneses fora do Japão.
Elas se conheceram graças a Associação Cultural Nippo-Brasileira de Salvador (Anisa), algumas delas desde pequenas graças à escola de língua japonesa, parceira da Associação. O Hanabi já existia por outras estudantes da mesma escola que se apresentavam no festival de cultura japonesa Bon Odori. Elas tinham suas exibições pela escola e então, em 2023, fizeram um grupo oficial. Hoje em dia, elas têm sete integrantes no grupo e ainda pretendem aumentar os membros.
O Hanabi dança o Nihon Buyo, uma dança tradicional japonesa. A dança é feita em passos lentos, porém, as meninas do grupo decidiram colocar um pop na dança, transformando em Shin Buyo. “A gente tenta trazer músicas que atraiam os jovens”, afirma Alice. Ela afirma que é diferente do J-Pop, são usadas músicas mais atuais, porém menos enérgicas, por causa das roupas usadas serem difíceis para movimentos complicados. “A gente traz os movimentos tradicionais, usando músicas mais pop, para chamar atenção dos jovens”, aponta.
E a sua conexão com a cultura de seu país descendente não fica só na dança. “Lá no Anisa, ocorrem diversos eventos para manter a cultura japonesa viva. A gente participa de eventos relacionados com a cultura japonesa, desde aulas de japonês e dança, como também outras atividades de integração entre a comunidade Nikkei de Salvador”, aponta a líder.
Todo ano o grupo se apresenta no Bon Odori, a época favorita para Alice “É muito emocionante ter a chance de se apresentar nesse evento, é uma forma de se conectar com a cultura japonesa”, afirma. Porém, durante uma época, ela negava seu lado japonês por achar que, por ser mestiça, não era Nikkei o bastante, porém, graças a sua mãe, ela ganhou mais contato com a cultura japonesa e se orgulha de suas descendências.
Ela entende que tem desafios de trazer uma cultura nova em meio a uma tão enraizada no povo, como a cultura baiana. Porém, ela aponta que sente uma recepção boa quando é para abraçar coisas novas. “Eu sinto que as pessoas acolhem bem a cultura japonesa, até por conta dos eventos”, percebe.
Esse é só alguns dos variados casos de como a cultura na Bahia e Salvador é plural e está sempre se desenvolvendo e crescendo. O grupo Hanabi é apenas uma gota no mar de pessoas que fazem isso acontecer e faz a Bahia ser Bahia.