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Atualizado em 8 DE julho DE 2011 ás 18:10

Uso de produtos refinados aumenta risco de doenças, diz especialista

Farinha de trigo, açúcar e sal refinados são considerados os vilões da saúde

Por Alexandro Mota* e Luana Ribeiro*
Alexandro.ms@gmail.com / luanazf@gmail.com

Há 35 anos, os cursos de medicina consideravam a diabetes como uma doença que atingia geralmente idosos. Atualmente crianças nascem diabéticas.  Na Alemanha, há 100 anos, a cada trinta pessoas, uma tinha câncer; as estatísticas recentes na Europa apontam que, a cada três pessoas, uma teve, tem ou terá a doença – nos Estados Unidos o grupo é reduzido para duas pessoas. Essas são algumas das constatações do especialista em terapêutica natural, Dr. Fernando Hoisel, que ministrou palestra quinta-feira (7) para alunos de Jornalismo e Produção Cultural da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

No evento – produto da disciplina Comunicação e Atualidade II, ministrada pela professora Simone Bortoliero – o especialista foi enfático ao relacionar o modo de vida, em especial os costumes alimentares, pós Revolução Industrial, ao crescimento exponencial dos casos de doenças cardíacas, obesidade, diabetes e câncer. Para Hoisel, que tem 35 anos de atuação na área, nas últimas quatro décadas os hábitos alimentares da humanidade mudaram mais do que nos 40 mil anos anteriores.

O palestrante destacou a importância do papel dos comunicólogos diante da necessidade de levar informação para a população e desmistificar preconceitos existentes sobre o consumo de alimentos de modo terapêutico e sobre alimentação saudável.

A farinha de trigo refinada, que substituiu a farinha integral por oferecer maior durabilidade; o açúcar e o sal refinados, que após o processo de refinamento perdem mais de 80 nutrientes e ganham sete substâncias duvidosas que lhe confere o aspecto conhecido (branco e seco), são, para Hoisel “os três assassinos brancos” e  correspondem aos principais vilões da saúde.

Ao passo que esses alimentos tornaram-se comercialmente viáveis, aumentou-se a distribuição e o consumo. Dados trazidos pelo especialista indicam, por exemplo, que o consumo de açúcar que 80 anos atrás era de 4kg ao ano por pessoa, atualmente é em média 70 kg / ano por pessoa.

Outro fator exposto no evento foi o uso de agrotóxico em alimentos. Para Hoisel, que integra o Movimento de Agricultura Orgânica, o efeito medicinal de frutas e verduras é muito maior do que os possíveis efeitos nocivos dos produtos químicos aplicados. Ele ainda alerta que o uso desses produtos em carnes e laticínios tem sido muito maior do que o presente em frutas e verduras.

Tradicional? – Fernando Hoisel queixa-se em relação ao modo tradicional de atuar e ensinar medicina. Questiona, inclusive, essa tradição, justificando que a medicina com plantas e alimentação é anterior a medicina “sustentada pela indústria farmacêutica, que vive da cronificação (ver glossário) das doenças”. Outro ponto de desacordo apresentado se refere à exclusão de disciplinas que estudam o uso de alimentos e plantas no curso de medicina. “Não são os remédios que dão saúde, o que dá saúde é deixar de fazer aquilo que está causando a doença”, declara.

Fernando Hoisel critica o modo tradicional de atuar e ensinar medicina

Doenças em números – Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam que a proporção de brasileiros diagnosticados com hipertensão arterial cresceu de 21,5%, em 2006, para 24,4%, em 2009. A mesma pesquisa reforça o que Fernando Hoisel afirmou na palestra: o acesso à informação é um facilitador à melhor condição de vida. Entre os adultos com até oito anos de educação formal, 31,5% declaram que têm hipertensão. O percentual cai para 16,8% se considerado o grupo de pessoas de nove a 11 anos de instrução.

No mesmo ano, a edição 2009 da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) indica aumento dos casos de obesidades: dos 54 mil entrevistados, 46,6% foram considerados com excesso de peso e 13,9% com obesidade – o que corresponde a um crescimento de quase 4% no primeiro caso e de 2,5% no segundo, comparando os anos de 2006 e 2009. Os números também são alarmantes para casos de diabetes, segundo o Ministério da Saúde, 5,8% da população a partir dos 18 anos têm diabetes tipo 2, o equivalente a 7,6 milhões de brasileiros.

Glossário

Cronificação – Quando uma doença instala-se e o paciente custa restabelecer -se

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**Estudantes de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

Um comentário a Uso de produtos refinados aumenta risco de doenças, diz especialista

  1. Maria de Fátima Ferreira disse:

    Por favor, poderia me enviar o telefone do médico Fernando Hoisel. Obrigada.

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