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Atualizado em 4 DE outubro DE 2019 ás 15:08

Internet e privacidade: especialistas debatem proteção

Você se sente seguro ou segura ao inserir seus dados pessoais na internet? Acha que está seguro aos aceitar os termos de privacidade? Estes são alguns dos questionamentos cada vez mais comuns em um mundo cada vez mais mediado pelos aparatos tecnológicos. Confira como foi o debate “Privacidade em uma sociedade de dados”, realizado na edição desta semana de Polêmicas Contemporâneas

POR FABIO DE SOUZA*
fabiodejesus.datum@gmail.com

A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso X, garante a todo cidadão a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, a honra e imagem das pessoas, sendo assegurado o direito de ressarcimento pelo dano material ou moral. Mas como garantir esses direitos em tempos de usos cada vez mais diversificados da internet? E como as pessoas entendem o conceito de privacidade quando os celulares conectados têm sido cada vez mais usados como armas é como mecanismos de defesa? Esse, e temas transversais, formam discutidos na edição do Polêmicas Contemporâneas, realizada na última segunda-feira (30).

Na visão do professor e pesquisador da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA), André Lemos, um ponto central está justamente no entendimento do conceito de privacidade. Lemos afirma que a privacidade é uma ideia que não se consegue definir por uma substância, mas deve sempre ser “definida a partir de um contexto sociotécnico específico. A própria ideia de vida pessoal, a partir de termos constitutivos, não existe à medida que essa é sempre atravessada por outros, por objetos e conceitos”, afirma.

Pesquisador André Lemos fala da importância do entendimento do conceito de privacidade./Foto: Yasmim Santos

Segundo pesquisa divulgada em 2018, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 70% da população brasileira está conectada a internet, com significativo aumento de 10,2 milhões de usuários, entre 2016 e 2017. Porém, a inserção da população a rede acaba se dando de maneira simplória, pois os dados são compartilhados sem saber o verdadeiro sistema de apropriação deles para um sistema de estratégias de manipulação de gostos e comportamentos, visando maior efetividade, seja em campanhas publicitárias, vendas ou interferindo até na política.

Diante disso, alguns especialistas temem que as consequências desse processo de violação da privacidade. O professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Alexandro Aguado, mestre  em Tecnologia e Inovação pela Universidade de Campinas (Unicamp), afirma que a privacidade dos indivíduos comuns tem sofrido certa fragilização. “Em uma sociedade de dados o que se deve prevalecer é o lema Cypherpunk, que diz: privacidade para os fracos e transparência para os poderosos”, ou seja, relaciona essa problematização a forma com que as grandes empresas estão se utilizando dessas ferramentas para obter lucros.

Professor do Instituto Federal de São Paulo, Alexandro Aguado./ Foto: Yasmim Santos

O estudante de do curso de Direito da UFBA, Marcos cavalcante associa a questão da perda da privacidade, a trilogia dos cinemas Matrix, onde é retratado um sistema de inteligência artificial que manipula a mente das pessoas.

A estudante do curso de Serviço Social da UFBA, Amanda Reis, comentou que só percebeu a real influência da apropriação dos dados quando fez uma viagem para São Paulo de ônibus é, mesmo sem acessar a internet em nenhum local, a aplicação Google Maps mostrava todos os pontos onde a mesma parou. “Comecei a ficar cada vez mais assustada com isso”, pontua.

Além de Alexandre Aguado e André Lemos, estiveram presentes à mesa, Geisa Santos, ativista e pesquisadora de segurança digital e Manoel Nascimento, advogado, mestrando em urbanismo pela UFBA e Atualmente integrante do Coletivo Esotéricos. Fotos: Yasmim Santos

O Polêmicas Contemporâneas é um evento realizado, no auditório da Escola Politécnica da UFBA, pelo Departamento de Educação da Faculdade de Educação  (Faced), sempre às segundas-feiras, 19 horas, com a coordenação do professor Nelson Pretto. O debate também pode ser visto ao vivo pelo canal do Polêmicas Contemporâneas.

*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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