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Atualizado em 2 DE junho DE 2011 ás 22:22

Agentes Polinizadores fazem a diferença

Coordenadora para Disseminação do Conhecimento Cientifico e Tecnológico junto à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Bahia (Proext-Ufba), Blandina Viana explica como esses indivíduos interferem no meio ambiente e em nossas vidas

Por Marilia Mariotti*
marilia.mariotti@gmail.com

Vivemos em uma cadeia alimentar cíclica, na qual todos os ecossistemas são interdependentes, um mínimo desequilíbrio ambiental em qualquer uma das instâncias deste ciclo pode ser fatal para o funcionamento de todo o resto. Mas já pensou em quão mínima e importante podem ser as partes componentes deste processo? Os agentes polinizadores são um desses componentes, que podem passar despercebidos na grande complexidade de relações dos ecossistemas. Morcegos, pássaros e uma grande variedade de insetos atuam individualmente como mediadores naturais na fecundação das plantas que realizam a reprodução sexuada (possuem flor), na qual é necessária a troca de material genético.

O Grupo de Pesquisa em Ecologia de Comunidades de Visitantes Florais da Universidade Federal da Bahia (Ufba), juntamente com o Laboratório de Biologia e Ecologia das Abelhas (Labea), estudam a biologia e ecologia das abelhas, consideradas polinizadoras por excelência por possuírem estruturas anatômicas que permitem o transporte do pólen (gameta) de uma flor a outra.

Convidada do Café Cientifico do mês de maio, a bióloga Blandina Viana, Doutora em ecologia pela USP, atual coordenadora dos dois projetos, explicou a importância dos agentes; alertou sobre a diminuição das populações  em todo o mundo e apresentou soluções ecologicamente corretas e sustentáveis que já vêm sendo postas em prática.

A Crise no Serviço de Polinização – Durante  a palestra, Blandina apresentou números que evidenciam o declínio das populações de agentes. “No hemisfério norte, as populações de abelhas Apis mellifera estão diminuindo. Em 1987, as perdas anuais nas populações eram em torno de 5 à 10%, em 2006 essa perda foi de 25% e em 2008 já alcançava 35%”, pontuou. Ainda segundo a professora, estudos recentes publicados no artigo de  Winfree et al. 2009, identificam como principal causa  para a crise dos serviços de polinização a perda de habitat. O desmatamento constante tem potencializado a extinção e a ruptura da interação das espécies, como também tem limitado a produção agrícola.

A redução do número de agentes causa o chamado deficit de polinização. “É preciso compreender que o deficit  de polinização pode ser quantitativo ou qualitativo e que ambos reduzem o desempenho reprodutivo sexual das plantas”, explicou.  São consequências conhecidas deste processo a má formação dos frutos e a queda da produtividade em plantações monocultoras. No caso de  frutas como o melão, a maçã e a melancia essa queda de produtividade pode chegar a 80%.

As áreas de agricultura intensiva e mesmo aquelas que são próximas à monoculturas, tendem a ter deficit de polinização. Por conta da extensão dessas plantações, muitas vezes os agentes não conseguem fecundar toda as flores. “O aumento da área cultivada, necessária para compensar o deficit de polinização, foi maior nos países em desenvolvimento que nos países desenvolvidos, isso só acelera o desmatamento.”, diz Blandina.

Na Bahia, evidências desse processo já foram registradas pelo grupo de pesquisa no pólo Agrícola das cidades de Ibicoara/Mucugê, na região da Chapada Diamantina, em macieiras e plantações de maracujá amarelo.

Aula prática em Mucugê

Atuação – Desde 2003, o Grupo de Pesquisa em Ecologia de Comunidades de Abelhas, juntamente com o Labea da Ufba vêm atuando em Mucugê para corrigir o déficit de polinizadores. Dentre as principais técnicas de suplementação aplicadas estão: a introdução de colméias artificiais em macieiras, a fecundação manual do maracujá amarelo e em propriedades menores a introdução da Abelha Xylocopa, único agente polinizador que possui estruturas capazes de fecundar a flor do maracujá.

No entanto, é reconhecido pela própria pesquisadora, que estas não são ações eficazes em longo prazo e são de alto custo para o produtor. “Os gastos da suplementação podem chegar à um terço da produção”, ressalta a pesquisadora. Além do trabalho de suplementação de polinizadores, o grupo também atua em outras frentes para tentar solucionar a questão de forma mais definitiva, através da conscientização da comunidade e dos grandes produtores e da formação de profissionais capacitados para atuarem no campo.Em entrevista à Agência Ciência e Cultura, Blandina fala um pouco mais sobre estes trabalhos.

A Semana dos Polinizadores que acontece anualmente desde 2003 busca principalmente conscientizar e debater. “São realizadas oficinas práticas, palestras, reunião com técnicos e produtores rurais; também exposições de arte que tratam sobre a importância da polinização”, explicou.

Em Mucugê, também são realizadas atividades de Educação ambiental com professores da rede pública, juntamente com a Secretária de Educação do Municipio. No campo da formação profissional, o grupo coordena, desde 2003, Os Cursos Internacionais de Campo sobre Polinização no Brasil, realizados em parceria com as Universidades de Guelph, no Canada e de Córdoba, na Argentina, além de várias instituições de ensino e pesquisa brasileiras.

O projeto acontece uma vez ao ano e após seis edições já formou 180 profissionais de nível superior para atuarem na conservação e no manejo de polinizadores em agro-ecossistemas. “Essa iniciativa  permitiu o incremento do intercâmbio de informações entre os profissionais que participaram dessa atividade de parcerias interinstitucionais,” avalia Blandina.

Saiba mais

Café Científico

*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

3 comentários para Agentes Polinizadores fazem a diferença

  1. Raquel disse:

    Gostei muito de seu texto….
    Eu não fazia ideia pra que servia os agentes polinizadores….

  2. sara disse:

    eu adorei o texto era disso que eu precisava para estudar para a prova

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