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Atualizado em 18 DE maio DE 2019 ás 10:29

Cientista brasileira desenvolve caneta que identifica câncer

Dispositivo é capaz de detectar, durante uma cirurgia, a presença de células com tumores a partir da extração e análise de moléculas de tecido. Lívia Schiavinato Eberlin já recebeu a bolsa dos gênios pelo trabalho nos Estados Unidos

POR THAINARA OLIVEIRA*
thzinara@gmail.com

A cientista brasileira Lívia Schiavinato Eberlin, 33 anos, formada em Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é a inventora do dispositivo, uma espécie de caneta, que identifica células cancerosas. A pesquisa teve início há quatro anos e nesse tempo de estudo apresentou ótimos resultados ao ser utilizado em 800 amostras de moléculas extraídas de tecido humano.

Todo estudo foi desenvolvido nos Estados Unidos (EUA), onde a cientista reside há dez anos, desde que se mudou para cursar o doutorado. Atualmente é chefe do laboratório de pesquisa da Universidade do Texas em Austin, e responsável pelo desenvolvimento do instrumento, que em alguns segundos, pode sinalizar a presença de células cancerosas.

imagem John D. and Catherine T. MacArthur Foundation

Lívia conseguiu destaque na comunidade científica nos Estados Unidos ao ser uma das selecionadas para receber a prestigiada bolsa da Fundação MacArthur, em 2018, conhecida como bolsa dos gênios e destinada a profissionais com atuação destacada e criativa em sua área. Ela retornou ao Brasil nesta semana para expor o material da sua pesquisa, no congresso Next Frontiers to Cure Cancer, que acontece entre os dias 16 e 19 de maio no A.C. Camargo cancer Center, na cidade de São paulo.

Batizada de MacSpec Pen, a caneta comprova, durante uma cirurgia oncológica, que todo o tecido tumoral foi removido do corpo do paciente, já que nem sempre é possível visualizar a olho nu a extensão limitante da área cancerosa e o tecido saudável. Atualmente, essa análise é feita por um patologista que leva em torno de 30 a 40 minutos para verificar durante a cirurgia, com o paciente exposto a riscos cirúrgicos, se todo tumor foi retirado.

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imagem Vivian Abagiu/University of Texas at Austin

O dispositivo portátil, desenvolvido por Lívia e sua equipe de pesquisa, identifica rapidamente o perfil molecular dos tecidos usando uma análise de gotículas de água e espectrometria de massa de pequeno volume. Após 3 segundos de contato físico suave com uma superfície de tecido, a gotícula de água é transportada para um espectrômetro de massa, que caracteriza as proteínas de diagnóstico, lipídios e metabolitos. Com a utilização de inteligência artificial, usando o algoritmo de aprendizado de máquina, um diagnóstico é fornecido com uma probabilidade associada de presença de câncer. A caneta pode ser usada para distinguir rapidamente o tumor do tecido saudável durante a cirurgia, sem a necessidade de rotulagem ou imagens específicas e sem evidência de destruição do tecido, segundo informações do projeto.

“Na primeira fase da pesquisa analisamos mais de 200 amostras de tecido humano e verificamos uma precisão de identificação do câncer de 97%”, afirmou a cientista.

imagem Wyatt McSpadden/University of Texas at Austin

Com essa etapa, o estudo foi publicado em uma das mais importantes revistas científicas do mundo, Science Translational Medicine, em 2017. Em seguida, o grupo de pesquisa da brasileira nos EUA multiplicou a investigação em Ética de instituições americanas para testar a técnica em humanos, durante cirurgias reais. Ainda deve demorar de 2 a 3 anos para a caneta ser lançada como produto, se os resultados forem confirmados, trazendo mais segurança, menos tempo e agressões cirúrgicas.

*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA.

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